O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli concluiu nesta quinta-feira (5) a leitura de seu voto sobre a responsabilização de plataformas digitais por publicações feitas por usuários. No entendimento do ministro, as big techs podem ser responsabilizadas por não removerem conteúdos considerados ilícitos, mesmo sem notificação judicial, em casos excepcionais.

Entre as situações mencionadas por Toffoli estão crimes como racismo, violência contra crianças, incitação ao suicídio e divulgação de informações falsas com potencial para incitar violência ou comprometer o equilíbrio eleitoral. Segundo o ministro, a medida seria necessária para lidar com atos “excepcionalmente graves” que demandam uma resposta mais rigorosa das plataformas.

Toffoli defendeu que as plataformas tenham um dever contínuo de monitoramento e possam ser punidas por omissões, independentemente de uma decisão judicial prévia. Ele também argumentou que o modelo atual de responsabilização, previsto no Marco Civil da Internet, seria inconstitucional por não oferecer proteção adequada aos direitos fundamentais.

O julgamento, que envolve dois recursos sobre a responsabilidade das plataformas digitais, será retomado na próxima quarta-feira (11), com o voto do ministro Luiz Fux. A decisão pode redefinir os limites de atuação das big techs e estabelecer novas diretrizes sobre o conteúdo publicado na internet.

A discussão levanta questionamentos sobre o impacto no equilíbrio entre liberdade de expressão, segurança jurídica e o papel das plataformas digitais no gerenciamento de conteúdos.