Pesquisa realizada pelo instituto Paraná Pesquisas demonstra que 70,8% dos brasileiros que tomaram conhecimento da condenação da cabeleireira Débora Santos, sentenciada a 14 anos de prisão pela manifestação de 8 de janeiro de 2023, consideram a pena injusta.
Os entrevistados foram questionados: “A Débora está sendo condenada e recebeu uma pena de 14 anos de prisão. Em sua opinião, é justo que essa mulher fique 14 anos presa por esse ato?”
O levantamento apontou que apenas 25,7% avaliam que a condenação é justa, enquanto 3,6% não souberam responder. Segundo o instituto, 58,5% dos entrevistados afirmaram ter conhecimento da condenação de Débora, enquanto 41,5% disseram não estar cientes.
O A pesquisa foi realizado em todo o território nacional entre os dias 16 e 19 de abril de 2025.
Débora foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ela se tornou símbolo do julgamento após ser acusada de pintar com batom a estátua da Justiça, localizada em frente ao STF, durante os atos de vandalismo.
Apesar da condenação, Débora não deve retornar ao regime fechado. Atualmente, ela cumpre prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, e está proibida de utilizar redes sociais ou conceder entrevistas sem autorização do STF. O ministro Alexandre de Moraes considerou que os quase três anos que ela passou presa preventivamente, além do bom comportamento e a aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), permitem a progressão de regime.
O ministro Luiz Fux divergiu parcialmente dos colegas, propondo uma pena de apenas 1 ano e 6 meses, mas a maioria formada pelos votos de Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia manteve a sentença de 14 anos.
A defesa de Débora, representada pelo advogado Hélio Júnior, afirmou que recorrerá da decisão, alegando “ausência de provas individualizadas” contra a cliente e destacando a divergência existente entre os votos dos ministros. Ele também mencionou a possibilidade de recorrer a instâncias internacionais, caso seja necessário.
A pesquisa também abordou a percepção da população sobre a situação dos presos pelos atos de 8 de janeiro. Quando questionados sobre as pessoas que estão presas há quase dois anos, 32,8% dos entrevistados afirmaram que o período de reclusão já seria suficiente para pagar pelos crimes cometidos e, portanto, elas deveriam ser libertadas.
O levantamento vai de encontro com uma divulgação da Genial/Quaest, no começo deste mês, que mostra que a maioria dos brasileiros (56%) é contra a anistia aos condenados pelos ataques do 8 de janeiro de 2023 e acredita que as penas impostas devem ser cumpridas. Esta pesquisa havia mostrado que 18% dos entrevistados creem que os radicais deveriam “ser soltos porque nem deveriam ter sido presos’”, enquanto 16% acham que eles deveriam ser colocados em liberdade porque “já estão presos por tempo demais”.