Claudio Dantas
20.5 C
Brasília

Alerta: Senado contraria STF e restabelece Marco Temporal

Publicado em:

Proposta fixa 1988 como limite para demarcações e avança antes de julgamento no STF

O Senado aprovou nesta terça-feira (9), em dois turnos, a proposta de emenda à Constituição que fixa 5 de outubro de 1988 como marco temporal para a demarcação de terras indígenas no país. O texto foi aprovado por 52 votos favoráveis nas duas votações e segue agora para análise da Câmara dos Deputados.

A votação ocorreu um dia antes de o tema voltar à pauta do STF, que retoma nesta quarta-feira (10) a análise das ações sobre o marco temporal.

A proposta define que os povos indígenas só terão direito à demarcação de terras se estiverem ocupando as áreas na data da promulgação da Constituição. O texto considera como terras tradicionalmente ocupadas aquelas “habitadas em caráter permanente, utilizadas para atividades produtivas, imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e necessárias à sua reprodução física e cultural”.

O objetivo dos parlamentares favoráveis à PEC é inserir o marco temporal diretamente na Constituição para contornar a decisão do Supremo que declarou a tese inconstitucional.

Tramitação acelerada e reação ao STF

Após acordo entre líderes, o Senado aprovou um calendário especial para que a PEC fosse analisada diretamente no plenário. Até então, a proposta estava parada na Comissão de Constituição e Justiça.

A votação ocorreu em meio às reações à decisão do ministro Gilmar Mendes, que restringiu quem pode apresentar pedido de impeachment contra integrantes do STF. Também foi ele quem determinou, em abril do ano passado, a suspensão de todos os processos judiciais sobre a constitucionalidade da lei do marco temporal.

A PEC havia sido apresentada em setembro de 2023, poucos dias após o STF derrubar a tese do marco. O texto é de autoria do senador Dr. Hiran (PP-RR) e tem como relator o senador Esperidião Amin (PP-SC).

Lei, vetos e disputa institucional

O marco temporal já havia sido aprovado em forma de lei pelo Congresso, mas foi parcialmente vetado pelo governo. Em dezembro de 2023, os parlamentares derrubaram os vetos presidenciais.

Com a suspensão dos processos pelo STF e a criação de uma comissão de conciliação com participação de parlamentares, a tramitação da PEC havia sido interrompida. Na semana passada, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, cobrou o avanço da proposta e apresentou o calendário especial para votação no plenário.

Com a aprovação no Senado, a discussão sobre o marco temporal passa agora para a Câmara dos Deputados.

Escreva seu e-mail para receber bastidores e notícias exclusivas

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais recentes

Checagem de fatos