O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) concedeu nesta quarta-feira (19) uma entrevista contundente ao programa Alive, onde reforçou suas denúncias contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e apontou um “jogo combinado” entre o magistrado e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Durante a conversa, Eduardo também destacou a crescente atenção dos Estados Unidos à situação política brasileira e reafirmou que sua permanência no exterior visa fortalecer as denúncias contra arbitrariedades cometidas no Brasil.
O parlamentar criticou a decisão de Gonet de arquivar o pedido de apreensão de seu passaporte logo após o anúncio de que ele permaneceria nos Estados Unidos. “E no atual momento que a gente está vivendo no Brasil, ninguém mais ficou surpreso com a atuação do Gonet. Coincidentemente, logo após o meu anúncio de que não retornaria ao Brasil, ele fala: ‘Não, é exercício regular do mandato parlamentar, não precisa pegar o passaporte do Eduardo, não’. E aí, coincidentemente, o Alexandre de Moraes também chega: ‘Opa, caiu na minha mesa aqui agora, vou arquivar’.”
Para Eduardo Bolsonaro, a rapidez com que a decisão foi tomada indica um acordo nos bastidores. “Aquilo que antes não tinha urgência nenhuma, o próprio PGR falou que não havia nenhuma emergência a ser tratada, de repente virou prioritário e, em questão de horas, eles arquivaram todo o processo. Isso demonstra que existe um jogo combinado entre Alexandre de Moraes e o Gonet.”
O deputado também citou precedentes internacionais para reforçar a possibilidade de sanções contra Moraes e aliados. “Eu sempre gosto de lembrar do recente caso do procurador do Tribunal Penal Internacional, que recebeu sanções de Donald Trump, não só ele, mas toda a equipe que trabalhou na investigação contra Benjamin Netanyahu. Se aplicarmos essa mesma métrica ao Brasil, vamos perceber que não é só Alexandre de Moraes que está na mira dessas sanções internacionais vindo dos Estados Unidos.”
Eduardo reforçou que a oposição brasileira tem contado com um olhar mais atento dos EUA. Ele citou o convite feito a Jair Bolsonaro para a posse de Donald Trump em 2025 como uma “grande sinalização”. “Se você continuar indo um pouco adiante, tem a declaração do senador Marco Rubio, que disse que seria estranho os Estados Unidos falarem de guerra na Europa ou no Oriente Médio e não olharem para seus vizinhos. O Brasil não está sendo deixado de lado.”
O parlamentar também mencionou a recente reprimenda do Departamento de Estado dos EUA às ações de Moraes. “Houve um tweet do State Department rechaçando a conduta de Moraes no banimento das plataformas Gettr e Truth Social no Brasil, o que gerou uma reação dentro do próprio Itamaraty.”
Eduardo ainda abordou a importância da comunidade brasileira exilada nos EUA, citando nomes como Allan dos Santos, Paulo Figueiredo e Rodrigo Constantino. Segundo ele, os americanos estão compreendendo a escalada autoritária no Brasil. “Quando a gente fala que já existem jornalistas exilados, agora políticos, presos políticos, e um Judiciário ameaçando parlamentares, os americanos ligam o sinal de alerta.”