O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) reagiu nesta segunda-feira (7) às declarações do pastor Silas Malafaia, que atacou o Alto Comando do Exército durante manifestação pela anistia dos presos do 8 de Janeiro, na Avenida Paulista. Sem citar nomes, Mourão classificou o líder religioso como “falastrão” e acusou-o de desconhecer os princípios que regem a carreira militar.
“Ao se aproveitar de um ato em defesa da necessária anistia aos envolvidos no 8 de janeiro para ofender os integrantes do Alto Comando do Exército, o falastrão que assim o fez demonstrou toda sua total falta de escrúpulos e seu desconhecimento do que seja Honra, Dever e Pátria; a tríade que guia os integrantes do Exército de Caxias”, escreveu Mourão nas redes.
Durante o ato, Malafaia subiu no trio elétrico e disparou contra os generais de quatro estrelas, criticando a omissão das Forças Armadas diante da prisão do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022. “Cambada de frouxos, cambada de covardes, cambada de omissos. Vocês não honram a farda que vestem. Não é para dar golpe, não, é para marcar posição”, afirmou o pastor.
Malafaia responsabilizou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pela prisão de Braga Netto, acusado de tentar obstruir investigações ao buscar acesso à delação do tenente-coronel Mauro Cid. “Um general condecorado no exterior, com ficha limpa, preso sem julgamento. Isso é justiça?”, questionou.
O pastor também voltou a defender que o 8 de Janeiro foi uma “manifestação política” e não uma tentativa de golpe. Para sustentar seu argumento, citou declarações anteriores dos ministros José Múcio (Defesa) e Gilmar Mendes (STF), que minimizaram a gravidade dos atos. “Se até os ministros do governo e do Supremo relativizaram, por que tanta gente está presa há mais de um ano?”, provocou.
Malafaia também direcionou críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acusando-o de travar o projeto de lei que trata da anistia. “Você, Hugo Motta, está envergonhando o honrado povo da Paraíba”, declarou.
Não é a primeira vez que o pastor parte para o ataque contra as Forças Armadas. Em abril do ano passado, pediu a renúncia dos três comandantes militares e sugeriu boicote institucional às nomeações enquanto o Senado não instaurasse uma CPI para investigar ministros do STF.
A fala de Mourão expôs o racha crescente entre o núcleo militar e o grupo bolsonarista evangélico, que pressiona por uma postura mais incisiva das Forças Armadas contra os abusos do Judiciário. Enquanto os generais evitam confrontos diretos, setores mais combativos da base de direita pedem ação.