A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (25) o julgamento que decidirá se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Na sessão, a defesa de Bolsonaro atacou duramente a delação do tenente-coronel Mauro Cid. O advogado Celso Vilardi questionou a credibilidade do ex-ajudante de ordens e afirmou que a denúncia não apresenta provas contra o ex-presidente.
“O delator falou, segundo a Polícia Federal, ele mentiu, omitiu e se contradiz”, declarou Vilardi, enfatizando que “não há uma única evidência que relacione Bolsonaro aos eventos de 8 de janeiro”.
O advogado criticou a condução da investigação e afirmou que a denúncia se sustenta apenas na palavra de Cid: “Não há prova de golpe, não há qualquer documento assinado pelo presidente, não há atos concretos. O que há é a palavra de um delator que se moldou às necessidades da acusação”.
Vilardi também destacou que Bolsonaro “foi o presidente mais investigado da história do país” e que, apesar das diversas apurações, “não se achou absolutamente nada contra ele”. Ele questionou a legalidade do uso da delação, afirmando que “o colaborador não trouxe provas, ele apenas corroborou a versão da Polícia Federal”.
Sobre a suposta minuta golpista encontrada no celular de Cid, Vilardi reforçou: “Com Bolsonaro, não se achou absolutamente nada. Esse documento sequer estava com ele”.
O advogado ainda denunciou a falta de elementos concretos na acusação: “A Polícia Federal utilizou a expressão ‘possivelmente’ mais de 90 vezes. Porque não há certeza, há apenas especulação”.
Por fim, Vilardi afirmou que Bolsonaro jamais incentivou atos violentos e que a tentativa de ligá-lo ao 8 de janeiro não se sustenta: “O fato concreto é que o acusado de liderar uma organização criminosa para dar um golpe foi quem garantiu a transição de poder”.
O julgamento prossegue com a análise dos votos dos ministros da Primeira Turma.