O presidente Donald Trump (Partido Republicano) afirmou que “talvez” os países da América Latina precisem escolher entre os EUA e a China ao estabelecer parcerias. A declaração foi dada na terça-feira (15), em entrevista à Fox Noticias, versão em espanhol da Fox News. Ele voltou a criticar a atuação chinesa no Canal do Panamá e sinalizou medidas para conter essa presença.
“Não gostamos da maneira que [o Canal] é administrado, não gostamos da influência da China. Quando olhávamos há 1 ano, quase todas as bandeiras que passavam ali estavam escritas em chinês”, disse. “Estamos trabalhando com o Panamá agora mesmo. Vamos tomar uma decisão sobre o que fazer a respeito disso”.
A fala reforça a linha dura adotada por Trump desde o início do mandato. Em fevereiro, o presidente do Panamá, Raúl Mulino (Realizando Metas, direita), já havia anunciado o fim da participação na Iniciativa Belt and Road, projeto geoestratégico do Partido Comunista Chinês que busca expandir influência global com obras de infraestrutura — portos, ferrovias, rodovias e parques industriais.
Ao ser questionado se os países latino-americanos também teriam de optar por um lado, Trump respondeu: “Bem, talvez de uma certa maneira. Foi o que o Panamá fez, é o que outros estão fazendo e talvez pensando em fazer. Talvez. Sim, talvez deveriam fazer isso”.
A entrevista acontece poucos dias após o secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, criticar o avanço chinês na região e classificar a América Latina como “quintal” dos Estados Unidos: “O governo Obama fechou os olhos e deixou a China tomar toda a América do Sul e Central com sua influência econômica e cultural […] O presidente Trump disse: ‘Não mais’. Vamos recuperar o nosso quintal”.
A declaração de Hegseth ecoa a Doutrina Monroe e a Política do Big Stick, que marcaram a política externa dos EUA entre os séculos 19 e 20, com ações de controle e intervenções diretas em governos da região.
Em Pequim, o governo chinês reagiu. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, acusou Washington de repetir a retórica da Guerra Fria: “Os Estados Unidos têm difamado e atacado a China repetidamente e exagerado repetidamente a teoria da ameaça chinesa, mas estão apenas tentando usá-la como uma desculpa para controlar a América Latina e o Caribe, o que está fadado ao fracasso”.