O governo chinês está pressionando o conglomerado de Hong Kong CK Hutchison Holdings a cancelar a venda de dezenas de ativos portuários globais para um consórcio liderado pelo fundo de investimentos americano BlackRock. A Administração Estatal de Regulamentação de Mercado da China (SAMR) anunciou na sexta-feira (29) que analisará o acordo, sob a justificativa de proteger a concorrência e os interesses do país.
A transação, avaliada em US$ 22,8 bilhões, inclui 43 portos em 23 países, entre eles dois no Canal do Panamá. A venda gerou forte reação na mídia estatal chinesa, que classificou o negócio como antipatriótico e prejudicial aos interesses de Pequim. O jornal “Ta Kung Pao”, ligado ao Partido Comunista Chinês, publicou uma série de críticas e defendeu que empresas devem alinhar-se ao governo contra a “hegemonia e intimidação”.
A pressão não se limitou à retórica. Segundo a Bloomberg, o regime de Xi Jinping instruiu empresas estatais a interromper novos negócios com a CK Hutchison, ampliando o cerco à companhia. Executivos de grandes estatais, como a CNOOC, afirmaram estar monitorando de perto o impacto do impasse.
A polêmica se intensificou após relatos de que Xi Jinping não teria sido informado previamente sobre a negociação, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, teria recebido atualizações diretas do CEO da BlackRock, Larry Fink. O episódio evidencia as crescentes tensões entre Pequim e Washington, com o Canal do Panamá como um dos focos estratégicos de disputa.