Deputado do PL afirma que dinheiro apreendido é da venda de imóvel e foi devidamente declarado
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) voltou a se manifestar publicamente nesta quarta-feira (24) sobre os R$ 469,7 mil apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Galho Fraco, deflagrada na semana passada.
O parlamentar divulgou um vídeo nas redes sociais no qual apresenta documentos e sustenta que o dinheiro tem origem lícita, proveniente da venda de um imóvel em Minas Gerais.
A quantia em espécie foi localizada na última sexta-feira (18) no flat onde Sóstenes reside, em Brasília, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino.
A ação também teve como alvo o deputado Carlos Jordy (PL-RJ). Ambos são investigados por suspeitas de uso irregular da cota parlamentar, com indícios de desvio de recursos públicos.
No vídeo, Sóstenes afirma que o montante corresponde ao pagamento pela venda de uma casa adquirida por ele em 2023, na cidade de Ituiutaba, em Minas Gerais.
Segundo o deputado, o imóvel foi comprado, registrado em cartório e posteriormente declarado no Imposto de Renda de 2024. Após passar por reformas, a casa teria sido colocada à venda por R$ 690 mil, mas acabou negociada por R$ 500 mil, valor pago integralmente em dinheiro.
“O dinheiro encontrado no meu apartamento aqui em Brasília, 470 mil reais, é fruto da venda de um imóvel, dinheiro lícito e de origem comprovada”, afirmou o parlamentar, ao exibir cópias da escritura e da declaração de Imposto de Renda.
Ele acrescentou que aceitou a proposta abaixo do valor inicialmente pedido e reiterou que a transação ocorreu dentro da legalidade.
O deputado declarou ainda acreditar que, após a análise dos documentos apresentados, os valores serão devolvidos.
“Tenho certeza que depois de tudo esclarecido na Polícia Federal e junto ao ministro Flávio Dino, o dinheiro será devolvido, porque ele é de fonte lícita e transparente”, disse.
Antes da divulgação do vídeo, Sóstenes havia evitado informar a cidade onde o imóvel estava localizado, alegando preocupação com sua privacidade.
Em declarações anteriores, justificou o fato de manter o dinheiro em casa afirmando que, devido à rotina intensa de trabalho, não teria realizado o depósito bancário, o que classificou como um “lapso”.
Operação Galho Fraco
A Operação Galho Fraco é um desdobramento da Operação Rent a Car, deflagrada em dezembro de 2024, que investigou assessores dos dois parlamentares por crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A partir da análise de celulares apreendidos naquela fase, a PF avançou nas apurações e apontou indícios de um esquema estruturado para desviar recursos da cota parlamentar por meio de empresas de fachada e servidores comissionados.
Relatórios de inteligência financeira indicam que quatro assessores ligados a Sóstenes e Jordy, incluindo o motorista do líder do PL na Câmara, movimentaram cerca de R$ 27 milhões entre 2023 e 2024, sem identificação clara da origem dos recursos. Segundo a Polícia Federal, há suspeitas de fracionamento de transações financeiras para dificultar o rastreamento, prática conhecida como “smurfing”.
Na decisão que autorizou a operação, Dino destacou a existência de “indícios robustos” de irregularidades, baseados em quebras de sigilo bancário, mensagens extraídas de aplicativos e movimentações consideradas incompatíveis com a renda declarada dos envolvidos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favoravelmente às medidas solicitadas pela PF.
