Dados do Censo 2022 do IBGE revelam que 19,5 milhões de brasileiros vivem em vias sem qualquer pavimentação, mesmo em áreas com características urbanas. O número representa 11,2% da população dessas localidades e expõe o contraste entre a propaganda do governo e a precariedade da infraestrutura básica.
Para o IBGE, uma via pavimentada é aquela que tem cobertura em mais de 50% do trecho analisado. Em 2022, 88,5% das pessoas em áreas urbanas viviam em locais com algum tipo de pavimentação — como asfalto, paralelepípedo ou concreto. Ainda assim, o total de excluídos da infraestrutura urbana equivale à população inteira de Minas Gerais.
Apesar de avanços em estados como São Paulo (96% das vias urbanas pavimentadas), Minas Gerais (95,3%) e o Distrito Federal (94,2%), regiões como o Norte e o Nordeste seguem com índices alarmantes. No Pará, por exemplo, quase um terço da população urbana vive em ruas de terra (69,3%). Rondônia, Amapá, Maranhão, Pernambuco e Paraíba também estão entre os piores colocados.
A desigualdade também aparece nos municípios. Em 77 cidades brasileiras, 100% das vias urbanas eram pavimentadas. Já em Capão do Leão (RS), apenas 11,3% da população urbana vive em ruas asfaltadas.
A capital paulista, símbolo do progresso vendido pelo PT, tem seus contrastes. No bairro Jardim Celeste, zona oeste, moradores relatam abandono. “A gente já tem pedido asfalto na rua, mas a subprefeitura começa, faz metade e metade fica sem”, denuncia Maria Gorete Ferreira, 53, líder comunitária. Um córrego próximo ameaça abrir uma cratera, agravando o risco para quem vive ali.
A pesquisa também levantou outros gargalos urbanos:
- Calçadas: Apenas 18,8% dos brasileiros em áreas urbanas viviam em ruas com calçadas livres de obstáculos.
- Rampas para cadeirantes: Só 15,2% tinham acesso.
- Arborização: Um terço da população urbana vivia em vias sem nenhuma árvore.
- Bocas de lobo: 80 milhões moravam em locais sem bueiros, o que aumenta o risco de enchentes.
- Iluminação pública: Apesar da ampla cobertura (97,5%), o Amapá ficou abaixo dos 90%.
- Capacidade de tráfego: 5 milhões moravam em ruas que só permitem o tráfego de pedestres, bicicletas ou motos, com destaque negativo para Amapá, Pernambuco e Amazonas.