O ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou que telefonou para o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para saber se houve identificação de algo irregular nas buscas realizadas em uma investigação sobre vazamento de informações sigilosas da corte.
Campbell, que também atua como corregedor nacional de Justiça, não é investigado. Segundo ele, a PF confirmou que “nenhuma irregularidade foi encontrada” em relação ao caso, segundo a Folha.
A apuração envolve uma operação relatada pelo próprio ministro, e parte das suspeitas diz respeito à possível venda de decisões dentro do tribunal. Campbell conduz um processo administrativo disciplinar interno sobre o caso, paralelo à investigação da PF.
O tema foi comentado durante evento da OAB em Madri, que reúne nomes da cúpula do Judiciário. Campbell participou de um painel ao lado do advogado-geral da União, Jorge Messias; do presidente do TCU, Vital do Rêgo; e do advogado-geral da Petrobras, Wellington Silva.
Ministros ouvidos pela reportagem afirmaram que o clima no STJ é “tranquilo”, apesar da investigação da PF e do STF. Um deles disse que colegas como Og Fernandes, Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Paulo Moura, que não viajaram a Madri, estão mais reservados. Outro ministro declarou que não comentaria “por envolver gabinetes de colegas”.
Gilmar Mendes, do STF, também presente no seminário, negou tensão entre os tribunais: “Não, não \[há constrangimento]. As investigações estão se fazendo com toda a clareza e, em muitos casos, os ministros mesmo que denunciaram a partir de suspeitas surgidas, e isso será devidamente esclarecido.”
Outro ponto de desconforto no STJ é a demora do presidente Lula (PT) em nomear dois novos ministros para a corte. As vagas existem desde as aposentadorias de Laurita Vaz, em outubro de 2023, e Assusete Magalhães, em janeiro deste ano.
Uma das cadeiras deve ser preenchida por um integrante do Ministério Público, e a outra por um desembargador de Tribunal Regional Federal. Enquanto isso, dois juízes convocados ocupam os postos provisoriamente.
Nos bastidores, magistrados atribuem o atraso a entraves políticos. Segundo apurou a Folha, Lula estaria frustrado com a ausência do nome de Rogério Favreto, do TRF-4, nas listas recebidas. Favreto é conhecido por ter concedido um habeas corpus a Lula durante um plantão em 2018 — decisão que foi rapidamente derrubada.