A projeção da Selic no fim de 2025 baixou de 15% para 14,75%. A informação consta no Boletim Focus desta segunda-feira (5). O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça (6) e quarta-feira (7) para definir o novo patamar da taxa básica de juros. A expectativa é de mais uma alta de 0,5 ponto percentual, o que levaria a Selic de 14,25% para 14,75% ao ano — o maior nível desde julho de 2006.
Se confirmada, será a sexta elevação seguida, mantendo o ciclo iniciado em setembro de 2024 para conter a inflação. O mercado acompanha o comunicado do Copom, que pode sinalizar o fim próximo dos aumentos.
Inflação segue acima da meta
A expectativa de inflação para 2025 foi reduzida pela terceira semana consecutiva, de 5,55% para 5,53%, mas segue acima do teto da meta de 4,5%. Para 2026, a estimativa ficou estável em 4,51%, e para 2027, em 4%. A projeção para 2028 subiu de 3,78% para 3,80%.
Desde janeiro, o Banco Central compara a inflação acumulada em 12 meses com o novo regime de meta contínua, que considera como centro 3% e intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%. Se a inflação estourar esse teto por seis meses seguidos, a meta é considerada descumprida — o que deve ocorrer novamente em junho. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, já teve de enviar carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o estouro da meta de 2024, atribuído à atividade econômica forte, à desvalorização do real e aos extremos climáticos.
PIB, câmbio e outros indicadores
A projeção do PIB para 2025 foi mantida em 2%. Para 2026, segue em 1,70%. A estimativa para o dólar ao fim de 2025 caiu de R$ 5,90 para R$ 5,86. Para 2026, recuou de R$ 5,95 para R$ 5,91.
O saldo da balança comercial para 2025 permanece em US$ 75 bilhões. Para 2026, caiu de US$ 79,4 bilhões para US$ 78,6 bilhões. A previsão de investimentos estrangeiros diretos no país ficou inalterada: US$ 70 bilhões em 2025 e 2026.
Selic pode subir mais
Apesar da projeção de Selic a 14,75% no fim de 2025, parte do mercado acredita em novas altas. Para Gustavo Sung, da Suno Research, o Copom pode elevar a taxa em até 0,75 ponto percentual nesta semana, mas o cenário mais provável é de 0,5. Ele vê a Selic encerrando 2025 em 15,25%.
O Itaú também projeta duas altas de 0,5 ponto até junho, com a Selic fechando o ano em 15,25%, condicionado ao comportamento do câmbio e das commodities.
A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. Juros altos encarecem o crédito, reduzem o consumo e ajudam a conter os preços. Ao mesmo tempo, travam o crescimento e elevam os custos para empresas e famílias. A taxa influencia diretamente os juros de empréstimos, financiamentos e cartões, além de afetar a rentabilidade de aplicações como títulos públicos.
Desde setembro de 2024, o Copom vem elevando a Selic. A taxa subiu para 11,25% em novembro, 12,25% em dezembro, 13,25% em janeiro e 14,25% em março. Com nova alta nesta semana, a Selic pode alcançar 14,75%, aproximando-se do teto projetado.