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Copom de Galípolo em alerta: Roberto Campos Neto estava certo?

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na semana passada, de forma unânime, elevar a taxa Selic para 13,25% ao ano. Essa decisão, apesar do chororô de alguns políticos, reflete uma postura cautelosa, e levanta uma questão importante (ao menos para os fans de políticos terraplanistas): “Roberto Campos Neto” estava certo ao “antecipar” o novo aumento que foi anunciado na semana passada?

Neste artigo, vamos analisar os principais pontos da ata do Copom, os riscos destacados e o que essa decisão revela sobre o futuro da economia brasileira.

Continue lendo para entender como essa decisão pode impactar sua vida, seus investimentos e o que esperar da política monetária nos próximos meses.

Cenário econômico global e doméstico na ata do Copom

É sempre importante destacar que não é Gabriel Galípolo quem toma a decisão sozinho, assim como não era RCN antes. São 9 membros do Copom e ainda participaram em alguns momentos 6 diretores do Banco Central; e mais 19 outros membros.

Neste sentido, o Copom (comitê com muitas pessoas) destacou que o ambiente externo permanece desafiador. A incerteza sobre a política econômica dos Estados Unidos, combinada com a volatilidade nos mercados internacionais, exige atenção redobrada dos países emergentes, incluindo o Brasil.

No Brasil, mesmo com os juros altos, que deixam empréstimos e financiamentos mais caros, a economia continua mostrando sinais de força. As famílias seguem gastando (mais do que a produção suporta) e as empresas continuam investindo (pelo menos momentaneamente), impulsionadas por uma demanda interna ainda aquecida. Isso mostra que a atividade econômica está se mantendo firme, apesar dos desafios impostos pelo custo do crédito neste nível de Selic.

Estimação do hiato do PIB brasileiro feita pela L4 Capital com dados até novembro de 2024 e estimação para 2025
Estimação feita pela L4 Capital com dados até novembro de 2024 e estimação para 2025

Será que essa força da economia justifica a cautela do Banco Central?

Inflação e Análise de Riscos

Embora a atividade econômica tenha apresentado sinais (“incipientes”) de desaceleração, que podem nos levar a um maior controle da inflação, o Copom alerta que o cenário daqui para frente continua desafiador. Pressões sobre preços de serviços e alimentos, a depreciação cambial e a demanda interna aquecida mantêm o risco inflacionário em evidência.

O mercado de trabalho continua forte, com muitas pessoas empregadas e consumindo, e o crédito ainda está disponível para quem quer comprar ou investir, o que mantém a economia aquecida. Por outro lado, o custo para as empresas conseguirem dinheiro no mercado está subindo, o que mostra que a política de juros altos já começa a ter efeito. Mesmo assim, o Banco Central destaca que sinais de desaceleração da economia já aconteceram antes, mas acabaram se revertendo rapidamente.

Essa leitura conservadora do Copom faz sentido ou estamos superestimando os riscos?

Política Fiscal e coordenação com a Política Monetária

Um dos pontos centrais da ata, e que os políticos torcedores e os torcedores de políticos terraplanistas parecem não entender, foi o alerta para a necessidade de harmonia entre as políticas fiscal e monetária.

Quando o país deixa de fazer reformas importantes para melhorar a economia e o crédito continua relativamente fácil, mesmo com juros altos, isso pode fazer com que, no futuro, seja necessário manter os juros ainda mais elevados para controlar a inflação. Isso dificulta o trabalho do Copom (com vários técnicos!) do Banco Central em manter os preços sob controle.

Além disso, o Copom parece preocupado porque as pessoas e as empresas podem começar a esperar que a inflação fique mais alta do que o desejado (expectativas desancoradas). Esse risco de aumentos nos preços e nos salários acima do que é considerado saudável para a economia, especialmente com o dólar mais caro, faz com que o Banco Central precise adotar uma postura mais rigorosa, mesmo que a economia esteja mostrando sinais de força

Condução da Política Monetária: o Banco Central está jogando seguro demais?

Pela leitura da Ata do Copom, é possível identificar que fatores como a inflação corrente, o hiato do produto e a depreciação cambial justificam a manutenção de uma política monetária mais restritiva, com Selic mais alta por mais tempo. Dessa maneira, o Copom (agora “de” Galípolo e não mais de Campos Neto) considerou apropriada a decisão anterior de elevar a Selic e sinalizou a possibilidade de novo ajuste, caso o cenário esperado se confirme.

Trecho da Ata do Copom sobre a condução da Política Monerária

Conhecendo os dados e lendo a ata, na minha avaliação, a decisão do Copom reflete o compromisso com o controle da inflação, mas também levanta dúvidas: até que ponto essa cautela é necessária? A priori, acredito que devemos nos manter cautelosos, especialmente sabendo que temos um governo gastador, terraplanista economicamente e que ano que vem teremos eleições provavelmente polarizadas que demandarão fortes gastos públicos para tentar reeleição por parte do PT.

Conclusão: cautela ou excesso?

A decisão do Copom de elevar a taxa Selic para 13,25% demonstra uma abordagem prudente. Na minha visão, há um equilíbrio entre a necessidade de controlar a inflação com o impacto dos juros elevados sobre a atividade econômica.

Nossa vida, esperamos, deverá ser impactada positivamente com o controle dos preços; e nos investimentos, para quem mantém uma carteira bem equilibrada, nada muda. Todavia, mais uma vez, reforço o cuidado com títulos pré-fixados de curto prazo e mais especialmente ainda com aqueles de crédito privado.

Se você quer entender como essa decisão pode afetar sua carteira de investimentos em mais detalhes, entre em contato comigo para uma avaliação gratuita da sua carteira de investimentos. Clique aqui e fale com um dos nossos especialistas.

Leia também a Carta de Henrique Meirelles a Gabriel Galípolo.

Até a próxima!

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Felipe Pontes

Felipe Pontes

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