O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou nesta quinta-feira (3) o decreto que antecipa o pagamento do 13º salário a aposentados e pensionistas do INSS. A primeira parcela será paga ainda em abril, e a segunda em maio.
A decisão foi anunciada menos de 24 horas após a ministra do Planejamento, Simone Tebet, cravar publicamente que a antecipação seria “inviável”. “Não dá para fazer [a antecipação] no mês de abril. É inviável”, declarou Tebet na quarta-feira (2).
A ministra chegou a dizer que a responsabilidade do anúncio caberia a outros integrantes do governo, como o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o da Previdência, Carlos Lupi. “Deixo para eles esse anúncio. Essa possível boa notícia”, disse, já tentando se desvencilhar de um desgaste previsível.
A manobra de Lula, vista nos bastidores como uma resposta direta ao derretimento de sua popularidade, foi feita durante o evento “O Brasil dando a Volta por Cima”, uma vitrine de marketing que tenta inflar realizações do governo federal nos dois primeiros anos de mandato. Entre os anúncios, Lula também assinou um decreto que regulamenta o Fundo Social do pré-sal para destinar R$ 18 bilhões ao programa Minha Casa Minha Vida.
Apesar do esforço publicitário, os números falam por si. Segundo a pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira (2), a desaprovação ao governo Lula subiu para 56% — o pior índice desde o início do terceiro mandato. É a primeira vez que a rejeição supera a marca dos 50%.
A antecipação do 13º, usada nos últimos anos como artifício para gerar alívio momentâneo na base do INSS, vem agora como tentativa de conter o desgaste político. “É o mesmo truque de sempre: o governo aperta, empurra a conta e depois joga um bônus tentando comprar alívio na popularidade”, critica um assessor da oposição.
Tebet, que vem sendo esvaziada dentro do Planalto, foi mais uma vez desautorizada publicamente. A ministra já vinha em rota de colisão com outros setores do governo por defender maior responsabilidade fiscal — discurso incômodo em meio a gastos desenfreados para bancar programas de viés claramente eleitoreiro.