O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), acusou o governo Lula (PT) de atuar para renovar o contrato de concessão da Enel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica na capital paulista.
De acordo com ele, a gestão petista estaria armando uma “cilada” contra a cidade e outras localidades atendidas pela concessionária.
Durante a entrega de 115 ônibus elétricos na quinta-feira (03), Nunes afirmou que pretende ingressar na Justiça, junto a outros 23 prefeitos, para barrar o que chamou de “malandragem”.
“Eles protocolaram agora o pedido de renovação, porque a Aneel criou um procedimento possibilitando que eles possam pleitear a renovação protocolada. Olha a cara de pau. O cara não liga a tomada para carregar um ônibus. Estou com 50 ônibus hoje parados, não posso usar. E o cara vai lá protocolar a renovação do contrato de concessão por 30 anos”, declarou.
A crítica faz referência à recente autorização da Aneel, que aprovou novas regras permitindo a renovação antecipada dos contratos de concessão por mais 30 anos. A agência informou que já recebeu 19 pedidos de renovação, incluindo o da Enel. Os contratos atuais vencem entre 2025 e 2031.
A Enel enfrenta diversas críticas pelo serviço prestado em São Paulo, principalmente após apagões provocados por tempestades e quedas de árvores que afetaram milhões de imóveis nos últimos meses.
A Aneel, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem 60 dias para analisar os pedidos das concessionárias e encaminhá-los à pasta, que então terá mais 30 dias para decidir pela renovação. Caso a decisão seja favorável, as empresas deverão assinar o novo contrato em até 60 dias.
As novas regras estabelecidas pela Aneel também passam a considerar com mais peso a opinião dos consumidores e determinam a expansão da rede elétrica, além de exigirem melhorias na resiliência do sistema diante de eventos climáticos extremos.
Nunes também criticou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, por suposta interferência política na gestão da Enel: “[Ele] precisa criar vergonha e cancelar esse contrato aqui e não ficar indicando um amiguinho dele para ser presidente do Conselho de Administração da Enel”.
A declaração tem relação com a nomeação de Eduardo Martins, próximo ao ministro, para a presidência do conselho da empresa.