O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em março, segundo o IBGE, e veio em linha com a expectativa do mercado. Analistas consultados pela Lseg projetavam alta mensal de 0,56% e 5,48% no acumulado de 12 meses — exatamente os números registrados. A inflação anual, porém, saltou de 5,06% em fevereiro para 5,48% em março, afastando-se do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,50%.
Sob o governo Lula, os preços continuam pressionados e a carestia volta a ser sentida com força no bolso dos brasileiros. O grupo Alimentação e bebidas foi o principal vilão, com alta de 1,17%, respondendo por 45% da inflação de março. O tomate subiu 22,55%, o café moído 8,14% e os ovos de galinha 13,13% — juntos, os três itens foram responsáveis por 25% do índice no mês. O café, inclusive, já acumula alta de 77,78% em 12 meses.
“Para o tomate, com o calor dos meses de verão, houve uma aceleração na maturação, levando à antecipação da colheita em algumas praças. Sem essas áreas de colheita em março, houve uma redução na oferta, trazendo pressão de alta sobre os preços. Para os ovos, houve aumento por conta do custo do milho, base da ração das aves, além de estarmos no período de quaresma, com maior demanda por essa proteína”, explicou Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa.
No caso do café moído, a disparada nos preços está atrelada ao mercado internacional. “Impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com a quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, as quais também prejudicaram a produção interna”, destacou Gonçalves.
Além da comida, outros grupos também registraram aumento. No setor de transportes, as passagens aéreas subiram 6,91% e a gasolina teve alta de 0,51%. Em despesas pessoais, cinema, teatro e concertos avançaram 7,76%, após o fim da campanha promocional da Semana do Cinema, realizada em fevereiro.
A inflação de março foi a maior para o mês desde 2023, e o acumulado no ano já chega a 2,04%. Apesar de ter vindo dentro do previsto, o dado reforça a pressão sobre o Banco Central, que deve manter uma postura mais cautelosa quanto à redução de juros.
No mesmo dia, foi divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que avançou 0,4% em fevereiro, acima do consenso de 0,3%. A combinação de inflação alta com atividade econômica acima do esperado pode empurrar o BC a rever sua trajetória de queda da Selic.
Nos mercados, o dólar operava em queda, recuando 1,17% a R$ 5,83, enquanto o Ibovespa futuro subia 0,87% por volta das 9h20, aos 127.595 pontos. O movimento foi influenciado por fatores externos, como a nova rodada da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Pequim anunciou que vai aumentar a tarifa retaliatória sobre produtos americanos, de 84% para 125%, mesmo nível imposto por Donald Trump. A medida entra em vigor neste sábado. Em comunicado, o governo chinês ironizou: “Mesmo que os EUA continuem impondo tarifas mais altas, isso não fará mais sentido econômico e se tornará uma piada na história da economia mundial”.
A Casa Branca corrigiu o presidente Trump e afirmou que as tarifas totais aplicadas à China somam 145%. A consultoria Capital Economics alertou que tarifas dessa magnitude podem derrubar o PIB global em até 1% nos próximos dois anos.