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Banco Central prevê inflação de 5,5% e descumprimento da meta em 2025

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O Banco Central estimou que a inflação anualizada deve permanecer em 5,5% “nos próximos meses”, acima do teto da meta estabelecida. A projeção foi divulgada nesta quinta-feira (27) no Relatório de Política Monetária. O BC já admitiu que descumprirá a meta de inflação em junho.

A taxa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 5,06% em fevereiro e deve subir para 5,6% em março. A inflação só deve retornar ao intervalo de tolerância da meta de 3% (de 1,5% a 4,5%) em 2026, conforme projeções baseadas na Selic e no câmbio.

O BC apontou que a inflação do trimestre encerrado em fevereiro ficou 0,32 ponto percentual acima do previsto, impulsionada por preços administrados, especialmente combustíveis. O aumento foi resultado da alta no etanol anidro e do reajuste do ICMS em diversos estados.

Os alimentos também seguem pressionando o índice inflacionário, com destaque para industrializados, como café, que registrou forte elevação. “Nos próximos meses, os preços do consumidor devem seguir com variações mensais elevadas e a inflação acumulada em 12 meses deve permanecer ao redor de 5,5%, acima do intervalo de tolerância da meta”, alertou o BC.

A mudança nas regras da meta de inflação, implementada em 2024 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), obriga o Banco Central a cumprir um objetivo contínuo de 3% até 2027. O descumprimento ocorre se a inflação ficar por mais de seis meses fora do intervalo de 1,5% a 4,5%. Antes, a aferição era anual.

Caso a meta seja desrespeitada, o BC precisará justificar formalmente os motivos em nota no Relatório de Política Monetária e em carta ao Ministério da Fazenda, detalhando:
– As causas do descumprimento;
– As medidas para corrigir a inflação;
– O prazo para que as ações surtam efeito.

Se a inflação seguir fora da meta, uma segunda carta será obrigatória, explicando novas ações ou ajustes nas previsões.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em maio de 2024 que a meta de inflação de 3% era “exigentíssima” e “inimaginável”. Desde a adoção do regime de metas, em 1999, a inflação só ficou próxima de 3% em 2006 (3,14%) e 2017 (2,95%). Nos demais anos, permaneceu acima de 4%.

O cenário inflacionário reforça críticas à condução econômica do governo Lula, que enfrenta dificuldades para conter preços e manter a confiança dos investidores. Enquanto o BC aponta pressões sobre os preços, o governo insiste em medidas que elevam gastos e impactam a política monetária.

 

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