O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (1º) que uma eventual tarifação adicional dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros “causaria estranheza” e seria injustificada. Segundo ele, a relação comercial entre os dois países é superavitária para os norte-americanos, o que tornaria injustificada qualquer retaliação.
“Nos causaria até certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificada, uma vez que estamos com uma mesa de negociação desde sempre”, declarou Haddad em entrevista na França.
O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu anunciar novas tarifas nesta quarta-feira (2), chamando a data de “Dia da Libertação”. Entre as medidas em estudo, está a imposição de tarifas recíprocas para parceiros comerciais. Em fevereiro, Trump já havia criticado a disparidade nas tarifas sobre etanol: “A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra 18% sobre as exportações de etanol dos EUA”, apontou a Casa Branca.
Apesar da gravidade da situação, Haddad minimizou o impacto da política protecionista americana e evitou admitir o impacto negativo na economia brasileira. “O mundo corre o risco de crescer menos e aumentar menos a produtividade”, disse, sem detalhar medidas concretas para proteger o Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também criticou as tarifas americanas, mas sem apresentar soluções objetivas. Em entrevista no Japão, afirmou que recorrerá à OMC e, se não houver resultado, imporá tarifas sobre produtos dos EUA. “É isso que vamos fazer”, declarou, sem especificar prazos ou quais produtos seriam afetados.
Enquanto Haddad e Lula insistem em discursos evasivos, o Brasil já sente os efeitos das políticas protecionistas dos EUA. A tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio, em vigor desde 12 de março, já impacta a indústria nacional. Outras medidas previstas incluem:
– Tarifa de 25% sobre qualquer país que importe petróleo e gás da Venezuela;
– Tarifas adicionais de 20% sobre a China;
– Tarifas sobre medicamentos farmacêuticos importados, ainda indefinidas;
– Tarifas de 25% sobre algumas importações do México e do Canadá fora do USMCA, em vigor a partir de 2 de abril.
Sem medidas concretas, o governo petista expõe o Brasil à vulnerabilidade econômica e reforça a dependência do país em relação a um parceiro comercial que claramente prioriza seus interesses internos.