As disputas internas no governo Lula (PT) e no Congresso têm travado 33 indicações do Palácio do Planalto para cargos estratégicos, sendo 16 delas para diretorias de agências reguladoras como Ancine, Anvisa, ANP e Anac. Nenhuma das indicações foi aprovada pelo Senado em 2025 até o momento, segundo levantamento do Poder360.
Entre os entraves, está o nome de Pietro Adamo, indicado para a diretoria da ANP com o aval do ministro de Minas e Energia e Alexandre Silveira (PSD) adversário político do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Por causa da rivalidade, Alcolumbre tem se recusado a pautar não só essa, mas todas as demais indicações feitas por Lula, bloqueando trabalhos mesmo nos casos que já contam com apoio majoritário.
Acima da Lei
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), chegou a pedir que o presidente Lula intervenha diretamente na situação. Segundo ele, mais de 80% dos nomes já possuem acordo para aprovação, mas seguem parados por decisão de Alcolumbre.
Entre os nomes afetados está o de Patricia Barcelos, indicada há cinco meses para a diretoria da Ancine, e que segue sem qualquer previsão de sabatina. A presidência da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) também está em aberto, a indicação do ex-deputado petista Wadih Damous que chegou ao Senado ainda em dezembro de 2023, não avançou sequer até a Comissão de Assuntos Econômicos.
A nomeação de Damous enfrenta resistência tanto dentro do Congresso quanto do setor privado, especialmente dos planos de saúde.
Situação difícil
Além das 16 vagas em agências reguladoras, outras 15 indicações pendentes dizem respeito a cargos de embaixador e duas ao Conselho Nacional do Ministério Público, todas empacadas pela falta de articulação e pelo impasse entre líderes do próprio governo e do Senado. A paralisia expõe a fragilidade do governo Lula em conduzir articulações básicas no Legislativo, mesmo com ampla distribuição de cargos e emendas.