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Favoritos ao papado enfrentam denúncias de omissão em casos de abuso

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Enquanto o Vaticano preparava a Capela Sistina para o conclave marcado para 7 de maio, uma denúncia pública trouxe à tona a polêmica sobre o histórico da Igreja em lidar com casos de abuso sexual. Durante coletiva de imprensa, a diretora da organização Bishop Accountability, Anne Barrett Doyle, criticou os cardeais Pietro Parolin e Luis Antonio Tagle, que são favoritos à sucessão de Francisco.

Não podemos ter outro Papa que não tome medidas contra o encobrimento”, afirmou Doyle.

Segundo ela, Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano, “nunca liderou uma diocese como bispo”, o que contribuiu para que seu envolvimento em casos de abuso não recebesse a devida atenção.

Nenhum prelado sênior da Igreja guardou tantos documentos secretos sobre esta questão quanto Parolin.”

A diretora do Bishop Accountability acusou o cardeal italiano de priorizar os interesses institucionais, deixando de lado da transparência.

Ficaríamos perturbados se ele se tornasse Papa, porque ele continua a encobrir informações e não é um modelo de transparência”, disse.

Doyle também criticou a concentração de informações nas mãos da Secretaria de Estado do Vaticano. Segundo ela, “qualquer solicitação de informações sobre casos de abuso passa pelo gabinete do secretário de Estado”, ainda que parte da responsabilidade caiba ao Dicastério para a Doutrina da Fé.

A diretora citou como exemplo o silêncio do Vaticano diante de pedidos de autoridades australianas sobre abusos cometidos contra centenas de crianças.

Ela também denunciou a recusa da Santa Sé em publicar o relatório elaborado pelos enviados do Papa ao Chile em 2018, um documento de 300 páginas assinado pelos arcebispos Charles Scicluna e Jordi Bertomeu, que investigaram o escândalo de abusos no país.

A Santa Sé não quer divulgar esse relatório, e isso é um encobrimento”, criticou.

Na coletiva, também falou Michal Gatchalian, que foi abusado aos 17 anos e tornou-se a primeira vítima nas Filipinas a formalizar uma queixa em 2002.

Apresentei minha queixa à polícia há mais de 23 anos. Fiz isso sozinho, sem o apoio da minha família, da minha comunidade ou de qualquer outra pessoa. Agora, 23 anos depois, sou advogado e muito pouco mudou. As vítimas enfrentam as mesmas dificuldades. Essas mesmas ameaças, pressão e intimidação ainda estão presentes hoje”, relatou.

Shay Cullen, missionário irlandês com longa atuação nas Filipinas, também participou da coletiva. Embora não tenha vinculado o cardeal Luis Antonio Tagle a um caso específico, criticou sua liderança e apontou falhas na condução dos casos de abuso por parte da hierarquia eclesiástica filipina.

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