A uma semana do conclave, os cardeais se reúnem a portas fechadas no Vaticano para definir o futuro da Igreja Católica. A escolha do sucessor de Francisco, no entanto, ainda é tratada com discrição.
“A atmosfera é muito pacífica, é um momento de diálogo”, disse o cardeal colombiano Jorge Enrique Jimenez Carvajal a jornalistas, ao sair da Sala Paulo VI, nesta quarta-feira (30).
Na sétima “congregação geral”, 180 cardeais — incluindo os 124 eleitores — discutiram temas como a situação financeira da Santa Sé, vocações e polarização na Igreja. Ao todo, 14 apresentações foram feitas até o meio-dia, segundo o porta-voz Matteo Bruni. A próxima reunião está marcada para sexta-feira, às 9h (4h de Brasília).
As congregações gerais, realizadas até 6 de maio, funcionam como um pré-conclave e ajudam a traçar o perfil do novo pontífice. “Compartilhando sua visão própria, nós acabaremos por ter um panorama objetivo da situação atual do mundo e da Igreja e estaremos em boas condições para traçar o perfil do novo papa”, afirmou o cardeal espanhol Cristobal Lopez Romero.
O conclave começa em 7 de maio, com 133 cardeais eleitores. Três não participarão por motivos de saúde. O número é recorde. Muitos deles são de países que nunca tiveram representantes no processo, como Haiti, Ruanda, Malásia, Paraguai e Sudão do Sul.
Durante os encontros, os cardeais buscam se familiarizar com o funcionamento interno do Vaticano e alinhar prioridades. “Não falamos de pressão, polarização ou manipulação”, garantiu Dom Carvajal, ao minimizar especulações em torno da sucessão.
O cardeal Gregorio Rosa Chavez prevê uma escolha rápida: “No máximo três dias”. Ele também disse sentir na atmosfera uma tendência de continuidade com o legado de Francisco.
Apesar disso, Lopez Romero destacou: o próximo papa “não precisa necessariamente ser um Francisco II, um imitador de Francisco”.
A força dos países do sul global — África, Ásia e América Latina — cresce dentro do colégio eleitoral. “O que mais me impressiona é a diversidade. Quando africanos ou sul-americanos falam, eles são de mundos diferentes (…) Percebemos que não temos as mesmas prioridades”, comentou um cardeal europeu.
A Capela Sistina, local do conclave, foi fechada ao público e está sendo preparada. Os cardeais farão a Missa Pro Eligendo Papa na manhã do dia 7. À tarde, seguem em procissão até a Capela Sistina, onde se inicia o isolamento.
Celulares são recolhidos, janelas trancadas, e varreduras são feitas contra escutas. Após o juramento de sigilo, começam as votações. São necessários dois terços dos votos para a eleição. Fumaça preta indica indefinição; branca, o anúncio do novo papa: Habemus Papam.