21.5 C
Brasília

“É uma mudança de doutrina”, diz Márcio Coimbra sobre tarifaço

Publicado em:

No episódio desta quinta-feira (3) do Alive, o cientista político Márcio Coimbra fez uma análise contundente sobre o novo tarifaço anunciado por Donald Trump, que promete impactar profundamente o comércio global. Para Coimbra, o que está em jogo não é apenas uma medida pontual, mas uma “mudança de doutrina” nos Estados Unidos — com consequências geopolíticas e econômicas de longo prazo.

“O que a gente precisa entender com clareza é que os americanos estão realizando uma mudança de doutrina”, afirmou Coimbra.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos eram os responsáveis por 50% do PIB do planeta. Isso foi caindo, não porque os EUA perderam espaço, mas porque adotaram uma estratégia de abrir o mercado global”, explicou.

Segundo ele, a postura histórica dos EUA sempre foi de promoção da liberdade econômica, criando uma rede de países integrados à sua zona de influência. Essa dinâmica agora sofre um revés brusco.

“Donald Trump vai na linha daquilo que prometeu na campanha: tenta trazer a produção para dentro dos EUA, criando barreiras ao comércio para proteger os trabalhadores e a economia americana”, disse o analista.

Coimbra resgatou o histórico de políticas tarifárias ao dizer que desde 1910 o Brasil não vive tarifas tão duras no comércio internacional. E reforça que os Estados Unidos estão se tornando “protecionistas novamente, após mais de 115 anos”.

O cientista político também chamou atenção para os efeitos colaterais da nova doutrina. Um deles é o estímulo ao setor de defesa como forma de compensar perdas em exportações, sobretudo para países em conflito.

“Trump anunciou que os EUA vão construir um domo de ferro, como Israel, com tecnologia e mão de obra americanas. Isso é uma estratégia interna de reindustrialização e reposicionamento da indústria bélica. Isso vai compensar a ausência de vendas de armas para lugares como a Ucrânia”, disse.

A análise de Coimbra dialoga com o contexto mais amplo de incertezas globais e o avanço do nacionalismo econômico, marcado por intervenções protecionistas e disputas por cadeias produtivas estratégicas.

No encerramento do comentário, ele deixou claro que a política de tarifas não é um movimento isolado, mas “uma guinada completa” na forma como os EUA enxergam sua liderança global.

“É uma mudança fundamental. A economia raramente responde bem a movimentos tão bruscos, mas Trump está cercado de gente qualificada. Ele sabe o que está fazendo”, concluiu.

Assista ao programa na íntegra:

Escreva seu e-mail para receber bastidores e notícias exclusivas

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

Mais recentes

Checagem de fatos