O deputado federal Evair de Melo (PP-ES) revelou nesta quarta-feira (30), durante participação no programa Alive, que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, foi oficialmente notificado sobre o esquema de roubo nos contra-cheques de aposentados ainda em março de 2023. Segundo ele, o governo Lula foi alertado com documentos e, mesmo assim, nada foi feito. Resultado: a fraude se multiplicou e já atinge mais de 7 milhões de aposentados, com prejuízo que ultrapassa R$ 6 bilhões.
“No dia 7 de março de 2023, às 18h20, eu oficializei o Ministério da Previdência. Portanto, o ministro já tinha total conhecimento do que estava acontecendo”, afirmou o deputado, mostrando o ofício que encaminhou à pasta.
Evair contou que também denunciou o caso pessoalmente a Lupi durante audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, presidida por Bia Kicis (PL-DF), e disse ter vídeos que comprovam a fala. Mesmo assim, nenhuma medida foi tomada.
“Nós desmascaramos o ministro. Eu não o chamei de ‘mentiroso’ porque seria pesado, mas ele mentiu. Disse que soube de tudo há um ano, quando temos prova documental de que foi avisado antes.”
Para o parlamentar, o esquema não surgiu do nada. Ele aponta que as fraudes começaram ainda em 2019, mas se intensificaram de forma alarmante após o alerta feito ao governo. Evair acusa infiltrados dentro do INSS e entidades ligadas ao PT de orquestrarem os descontos ilegais diretamente na folha dos aposentados.
“Esses crimes não acontecem sozinhos. Há conivência, sim, dentro do INSS. É um golpe estruturado, silencioso, articulado. Eles sabiam o que estavam fazendo.”
Evair faz uma conexão direta com o fim da contribuição sindical obrigatória, durante o governo Bolsonaro, e aponta que os grupos que antes viviam desse dinheiro buscaram novas formas de captar recursos – dessa vez, à base de fraude.
“Quando acabamos com a contribuição sindical, eles se reinventaram. Voltaram a mamar no dinheiro dos aposentados, de forma disfarçada e criminosa.”
Segundo ele, o mais grave foi que, após a denúncia formal, o esquema se intensificou ainda mais, como se os criminosos quisessem tirar o máximo antes que o cerco se fechasse.
“Depois que denunciamos, eles triplicaram o crime. O crescimento foi de três dígitos. É um absurdo. Estavam extorquindo aposentados de maneira sistemática.”
O parlamentar também não poupou o ministro da Previdência, que, segundo ele, tem postura fria e calculista.
“Lupi é um artista. Veio ontem à Câmara e passou de peroba. Eles são treinados, frios. Isso é típico de bandido: não demonstram emoção, não têm arrependimento.”
Evair comemorou a coleta de assinaturas para a instalação da CPI do INSS, que deve aprofundar a investigação sobre os descontos indevidos. Para ele, o caso precisa chegar ao presidente Lula, que também deve ser responsabilizado.
“É caso de impeachment. O governo prevaricou. Sabiam, foram avisados, e mesmo assim deixaram o golpe acontecer.”
Segundo o deputado, parte do dinheiro desviado pode ter sido usado para financiar campanhas do PT em eleições passadas e futuras.
“Tem sindicato envolvido, associação ligada à CONTAG. Parte desse dinheiro foi para enriquecimento ilícito, outra parte, para campanhas eleitorais – talvez em 2018, 2022 e 2024.”
Evair também criticou o presidente Lula e o núcleo do governo. Para ele, o Planalto perdeu totalmente a liderança e mergulhou em decadência política e moral.
“O Lula sumiu. Ninguém mais quer tirar foto com ele. E você só tira foto com alguém quando quer mostrar. Hoje, se eu postar uma foto com ele, apanho igual condenado.”
O deputado ainda atacou o funcionamento da base governista e afirmou que até aliados estão se afastando.
“Está havendo um desmame. O governo está em decadência. Não tem plano, não tem líder, não tem rumo.”
Segundo ele, a Casa Civil virou escudo para proteger crimes de ex-governadores, como Rui Costa, e a liderança do governo no Congresso é praticamente inexistente.
“Se eu te perguntar agora quem é o líder do governo na Câmara, você vai ter dificuldade. E no Senado? Também não sabe.”
Evair encerrou com um alerta: o governo não tem mais força nem para maquiar sua própria crise, e o colapso da base já está em curso.
“A tendência é clara: cada vez mais partidos vão se afastar. Não por ideologia, mas porque o governo não entrega nada.”