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Brasil deveria partir para acordo bilateral com EUA!

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Durante a edição desta segunda-feira (07) do programa Alive, transmitido pelo canal de Cláudio Dantas, o analista financeiro Hugo Queiroz defendeu que o Brasil aproveite o novo cenário global para firmar um acordo bilateral com os Estados Unidos, a exemplo do que já vem sendo feito por países como a Argentina. Segundo ele, a estratégia americana de buscar negociações diretas com países parceiros abre uma janela de oportunidade que não pode ser desperdiçada.

“O melhor caminho é efetivamente fazer um acordo bilateral como a Argentina está indo. Isso vai gerar frutos”, afirmou Queiroz, durante o debate. “Além da parte de alimentos, grãos e agro, a gente tem o segmento de energia, petróleo… Os Estados Unidos vão precisar bastante, e nós podemos ocupar um espaço que um dia foi da Venezuela.”

Segundo Queiroz, o contexto econômico dos Estados Unidos é hoje insustentável, com um déficit fiscal de 7% e uma dívida que já chega a 150% do PIB, cenário que tem levado o país a sucessivos shut downs e à necessidade de reequilibrar sua máquina pública. Para resolver o impasse, a Casa Branca estaria buscando acelerar o crescimento econômico por meio do estímulo à produção, consumo interno e acordos comerciais bilaterais.

“O estágio atual da economia americana, nesse ritmo de crescimento, com essa inflação e esses juros, é insustentável. A alternativa é acelerar o crescimento via exportações, investimentos e consumo das famílias. E é isso que está sendo feito”, explicou.

Na avaliação do analista, o governo dos EUA vem adotando uma abordagem diferente da usual — e mais eficaz.

“Aparentemente, o Trump está trazendo a perspectiva de um equilíbrio econômico de novo, numa forma de negociação diferente do que estamos habituados. Mas vale lembrar: a forma antiga nos levou a esse déficit. Era preciso um comportamento diferente para colocar todo mundo de volta à mesa.”

Queiroz destaca que a maior parte do mundo já entendeu a lógica da nova postura americana. Países como Vietnã, membros da União Europeia e até vizinhos do Mercosul, como a Argentina, já demonstraram interesse em fechar acordos diretos com os EUA, enquanto o Brasil ainda adota uma postura de neutralidade.

“O Brasil precisa sair da passividade e aproveitar esse momento. Não podemos ficar neutros nessa disputa entre China e Estados Unidos. Vamos exportar para os dois, sim, mas temos que fazer isso de maneira estratégica”, alertou.

Para o especialista, o melhor caminho seria zerar tarifas e ampliar o acesso ao mercado americano, que segue sendo o maior do mundo, com a mais alta renda per capita global. Isso permitiria ao Brasil ampliar a presença no setor agrícola e energético, atrair investimentos estrangeiros e impulsionar o crescimento econômico.

“Se a gente souber aproveitar esse momento de fluxo adicional, isso naturalmente vai gerar investimento no Brasil, vai trazer divisas e o crescimento econômico aparece.”

No setor energético, o analista destacou que o Brasil tem a chance de ocupar o vácuo deixado por regimes autoritários como o da Venezuela, que, apesar de possuir grandes reservas de petróleo, perdeu relevância internacional.

“Na década de 80, a Venezuela era um dos países mais ricos da América do Sul, por conta do petróleo. Hoje, o Brasil pode ocupar esse espaço, com o agro e agora também com o petróleo e gás. Estamos passando por uma grande oportunidade e não podemos deixá-la passar.”

A fala de Hugo Queiroz reforça uma crítica recorrente feita por analistas ligados ao setor privado e à oposição: a de que o governo Lula perde oportunidades geopolíticas ao priorizar alinhamentos ideológicos, deixando de lado interesses comerciais estratégicos. A aposta em fóruns multilaterais e a dependência de blocos como o Mercosul estariam sendo superadas por movimentos bilaterais mais ágeis e pragmáticos.

> “Os acordos de blocos multilaterais tendem a cair com essa movimentação. Então é melhor efetivamente o Brasil ir para o bilateral. Isso vai gerar frutos concretos.”

Assista ao programa de hoje na íntegra:

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