“Aqui vão dançar dois juízes e pelo menos três advogados”, diz prefeito em diálogo vazado
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (30) a 9ª fase da Operação Sisamnes, que apura a venda e o vazamento de decisões sigilosas em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Um dos alvos é o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos).
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Siqueira Campos, na sede da prefeitura e no presídio onde está preso Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos).
O governador não é investigado.
Carvalho foi assessor do procurador de Justiça Ricardo Vicente da Silva, do Ministério Público Estadual, e já havia sido preso em outra fase da operação. A PF também cumpriu medidas cautelares contra um advogado de Brasília, acusado de repassar dados sigilosos de inquéritos do STJ.
Informações divulgadas pela imprensa apontam que Campos tinha conhecimento detalhado sobre o andamento de um processo em curso no STJ e afirmava ter uma fonte dentro do tribunal, que receberia pagamento para repassar essas informações. “Aqui vão dançar dois juízes e pelo menos três advogados”, relata Siqueira, a um dos alvos da investigação.
“É que seu caso lá em Brasília tá um pouco pior do que a gente pensava. O que acontece… a Procuradoria falou no seu processo e você não está mais apenas como parte, você figura como um polo da investigação, você está sendo investigado dentro daquele esquema e isso já saiu oficialmente.”
A decisão partiu do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu o advogado de manter contato com outros envolvidos e determinou a entrega de seu passaporte.
Segundo a Polícia Federal, os investigados teriam acesso antecipado a informações sobre operações policiais, o que comprometia a efetividade das ações judiciais. A investigação também apura possíveis privilégios concedidos a Carvalho, negados por sua defesa.
As suspeitas ganharam força após a análise de celulares apreendidos na Operação Maximus, que investigava a venda de decisões no Tribunal de Justiça do Tocantins.
Em uma ligação telefônica interceptada em junho de 2024, o sobrinho do governador revelou que interlocutores em Brasília já acessavam inquéritos sigilosos no STJ, dois meses antes da deflagração das operações.