As ações nos Estados Unidos dispararam após o presidente Donald Trump anunciar uma suspensão temporária de três meses nas tarifas “recíprocas”, com o S&P 500 registrando seu melhor desempenho desde a crise de 2008. A decisão provocou um rali imediato em Wall Street e impulsionou mercados também na Europa e na Ásia.
“Vamos dar uma pausa nas tarifas recíprocas para focar em acordos justos”, disse Trump em coletiva nesta quarta-feira (9). Apesar do gesto, o presidente reforçou que a China continuará sendo alvo de sobretaxas: “Eles querem fazer acordo, mas enquanto isso, as tarifas vão subir para 125%.”
O movimento marca um recuo estratégico após pressões internas e sinais de alerta no mercado de títulos dos EUA. De acordo com fontes da Casa Branca, o próprio Departamento do Tesouro acendeu o sinal vermelho sobre os riscos de uma fuga de capitais. “O mercado de títulos é muito complicado”, reconheceu Trump.
Segundo ele, a suspensão vale apenas para países que estavam sujeitos às tarifas recíprocas — que retornam agora a uma alíquota universal de 10%. México e Canadá foram poupados da nova rodada de taxação, exceto nos casos em que os produtos descumprem as regras do Acordo EUA-México-Canadá (USMCA).
A medida, considerada por analistas como um recuo tático, veio acompanhada de promessas de renegociação. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, justificou que os 90 dias serão usados para “fechar novos acordos”. Já o secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que, por enquanto, não há diálogo com autoridades chinesas. “Mas Trump quer conversar com Xi Jinping”, declarou.
Apesar do alívio momentâneo nos mercados, economistas alertam que a trégua pode não ser suficiente. Joe Brusuelas, da RSM US, avaliou que o risco de recessão permanece elevado. Em nota, o Goldman Sachs estimou uma probabilidade de 45% de recessão nos próximos 12 meses.
O anúncio ocorre em um momento em que a economia global tenta escapar de uma espiral de desaceleração. Nos bastidores, o recuo de Trump foi lido como um reconhecimento dos efeitos colaterais de sua política comercial agressiva, que vinha pressionando tanto a indústria americana quanto os mercados internacionais.