O Tribunal do Júri de Manaus condenou, nesta quarta-feira (9), Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, a 36 anos de prisão por homicídio qualificado e envolvimento com organização criminosa. Segundo o Ministério Público, Clemilson era o líder do Comando Vermelho (CV) no Amazonas e está ligado a diversos crimes no Estado.
O assassinato que motivou a nova condenação ocorreu em julho de 2017, no bairro Novo Aleixo, zona norte da capital. Adriana Monteiro da Cruz foi executada a tiros em frente à própria residência. O alvo seria sua irmã, Simone, conhecida como “Nega”, que se relacionava com um integrante de facção rival. Adriana foi morta na presença da própria mãe, o que gerou forte comoção na comunidade.
Os executores do crime, Mardson de Oliveira Serrão e Rodrigo Pereira da Silva, além de Alessandro Campos da Costa, outro mandante, morreram antes da conclusão do processo, o que levou à extinção da punibilidade desses três envolvidos.
O julgamento foi conduzido pelo juiz Diego Daniel Dal Bosco e contou com o depoimento de três testemunhas, além do interrogatório do réu. Após as alegações finais, o tribunal decidiu pela condenação de Clemilson, de 45 anos, que já cumpre pena desde 2022 por tráfico, lavagem de dinheiro e associação criminosa, crimes que lhe renderam 31 anos de reclusão. Em 2018, ele foi capturado em um apartamento de luxo em Recife, após figurar entre os mais procurados do Amazonas.
A condenação de Clemilson chama atenção não apenas por seu papel de liderança no CV, mas também pela ligação com Luciane Barbosa Farias, conhecida como “Dama do tráfico”. Formada em direito, Luciane cumpre pena de 10 anos pelos mesmos crimes e ganhou notoriedade em 2023 ao participar de reuniões com autoridades do Ministério da Justiça, em Brasília, onde se apresentou como defensora dos direitos dos presos.
A trajetória do casal reforça os vínculos entre o crime organizado e articulações políticas que chegaram aos bastidores do poder federal.