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Supersalários no TCE de Alagoas somam R$ 2,3 milhões

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Em Alagoas, onde mais de um terço da população vive com fome, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AL) pagou mais de R$ 2,3 milhões em supersalários a seus sete conselheiros, apenas no primeiro trimestre de 2025. Os contracheques de janeiro, fevereiro e março revelam uma média bruta mensal de R$ 111 mil por conselheiro.

O presidente da Corte, Fernando Ribeiro Toledo, recebeu R$ 404,4 mil brutos nos três primeiros meses do ano. Só em fevereiro, os ganhos somaram R$ 182 mil. Em janeiro, seu salário pulou de R$ 65 mil (dezembro de 2024) para R$ 118 mil. Em março, mais R$ 104 mil. A média bruta trimestral chegou a R$ 134,8 mil, uma das mais altas entre os TCEs do país.

Outro destaque é Otávio Lessa, irmão do vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) e ex-presidente do TCE. Recebeu R$ 154 mil em janeiro, com o 13º salário incluso, e acumulou R$ 391 mil no trimestre, média de R$ 130,3 mil mensais.

Completam a lista de beneficiados os conselheiros Anselmo Roberto de Almeida Brito, Rodrigo Siqueira Cavalcante, Rosa Maria Ribeiro de Albuquerque, Maria Cleide Costa Beserra e Renata Pereira Pires Calheiros — esta última, ex-primeira-dama do Estado e esposa do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).

Os valores extrapolam o teto constitucional do funcionalismo público, hoje em R$ 46.366,19 (salário de ministro do STF). Em Alagoas, o limite local é 90,25% desse valor. Mesmo assim, os conselheiros recebem complementos que inflacionam os salários.

Os penduricalhos incluem adicionais de férias (até R$ 18 mil), abonos pecuniários (até R$ 21 mil), auxílio-saúde (R$ 4,1 mil a R$ 6,2 mil) e auxílio-alimentação (R$ 2 mil). No caso de Toledo, o adicional de férias apareceu em janeiro (R$ 17,2 mil) e fevereiro (R$ 18,1 mil), e os abonos em fevereiro e março (R$ 21,7 mil em cada).

De janeiro a março, os ganhos líquidos dos conselheiros somaram R$ 1,84 milhão. Os dados colocam Alagoas no topo do ranking nacional de supersalários entre 22 Tribunais de Contas, segundo levantamento publicado pelo jornal O Globo.

Apesar dos gastos milionários, o TCE-AL não respondeu aos questionamentos enviados pelo *Diário do Poder* na quarta-feira (23). Entre as perguntas está: “Como a gestão do TCE de Alagoas avalia a moralidade destes ganhos, em um Estado com grande parte da população tão vulnerável como a alagoana?”

De acordo com o IBGE, 36,2% dos domicílios alagoanos — cerca de 423 mil lares — enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave, segundo dados de 2023.

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