Associações ligadas ao esquema bilionário de fraudes no INSS filiaram mais de 1 mil aposentados por hora, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). A CGU aponta dez entidades com volume expressivo de descontos associativos. Os cálculos consideram 20 dias úteis por mês e oito horas diárias de expediente.
Veja os números:
• Abapen: 1.569 filiações/hora
• CAAP (Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS): 1.351 filiações/hora
• CBPA (Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura): 1.174 filiações/hora
• ABSP (Associação Brasileira dos Servidores Públicos): 1.019 filiações/hora
• Cebap (Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas): 901 filiações/hora
• Master Prev (Associação de Clube de Benefícios): 879 filiações/hora
• Abrasprev (Associação Brasileira dos Contribuintes do Regime Geral da Previdência Social): 869 filiações/hora
• Anddap (Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas): 849 filiações/hora
• Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos): 846 filiações/hora
• AAPB (Associação dos Aposentados e Pensionistas Brasileiros): 778 filiações/hora
Há registros de descontos em todas as 27 unidades da federação.
Segundo as investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), o esquema funcionava da seguinte forma: associações ofereciam a aposentados e pensionistas supostos benefícios, como crédito consignado, descontos em academias e planos de saúde.
A oferta do serviço, porém, envolvia a cobrança de mensalidades associativas, descontadas diretamente dos benefícios do INSS — muitas vezes sem qualquer autorização dos titulares. Em diversos casos, as assinaturas dos beneficiários eram falsificadas para viabilizar as cobranças.
A Controladoria também investigou que nenhuma das entidades apresentou documentação suficiente para comprovar capacidade operacional compatível com o volume de filiados, tanto na assinatura dos Acordos de Cooperação Técnica com o INSS quanto nas solicitações feitas posteriormente.
Segundo o relatório, o INSS admitiu não ter “competência técnica pericial para conferir/validar a veracidade dos hashs ou logs de sistemas próprios de repositórios de documentação de domínio das entidades’, baseando a validade das assinaturas digitais que autorizam o desconto ‘na boa fé e no respeito à autonomia constitucional e fé pública de que gozam as associações e sindicatos”.