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“Respeito não é privilégio”: ativista trans contesta Erika Hilton

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O programa Alive desta quinta-feira (17) mergulhou no debate acalorado que tomou conta das redes sociais e do cenário político nos últimos dias: a controvérsia envolvendo a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que alegou ter sido identificada como homem no visto diplomático emitido pelos Estados Unidos. Convidada para palestrar na prestigiada Brazil Conference, realizada em Harvard e no MIT, Erika classificou o episódio como “violência de Estado” e anunciou que tomará medidas jurídicas contra o governo americano.

“Eu não sou uma mulher biológica, eu não devo tomar o espaço de uma mulher biológica, eu tenho que respeitar o espaço dessas mulheres”, afirmou a ativista trans de direita Sophia Barclay, em entrevista ao programa.

Sophia reforçou que reconhece as diferenças físicas entre corpos masculinos e femininos e defende critérios mais rígidos para a participação de mulheres trans em esportes femininos. “Levamos, sim, vantagem no esporte feminino. Os hormônios diminuem a força, mas a estrutura óssea continua sendo masculina. Daqui 200 anos, se acharem os meus ossos, vão dizer que fui um homem. E está tudo bem. Não podemos negar nossas raízes.”

A entrevista ainda contou com a cientista política Júlia Lucy, que alertou para riscos práticos de políticas públicas que ignoram as diferenças biológicas. “Nós mulheres estamos perdendo espaço e sendo colocadas em ambientes de insegurança, como banheiros públicos e vagões de metrô exclusivos para mulheres. Isso precisa ser dito, apesar do medo imposto pela cultura do cancelamento.”

O biólogo e escritor do livro “Mais Iguais que Os Outros”, Eli Vieira também participou do programa e criticou o que chamou de “hostilidade à biologia” promovida por correntes identitárias. Ele lembrou casos como o de um estuprador que se declarou mulher para cumprir pena em uma prisão feminina na Escócia. “A biologia pode ser uma aliada das pessoas trans, inclusive para se entender melhor o sofrimento da disforia. Mas ignorar completamente os limites biológicos nos coloca em situações perigosas.”

Para Carol Sponza, cientista política, o caso não é sobre transfobia, mas sobre excesso. “O que a Erika Hilton pede não é igualdade, é privilégio. Quando esticamos demais a pauta, ela deixa de representar inclusão e começa a gerar incômodo — principalmente entre as mulheres.”

A entrevista foi conduzida em meio à polêmica diplomática gerada após Erika Hilton afirmar ter tido seu gênero alterado para “masculino” no visto norte-americano, o que a levou a cancelar sua viagem. A deputada classificou o ato como “transfobia institucional” e responsabilizou diretamente o presidente Donald Trump, que desde sua volta ao poder tem revogado diversas políticas de diversidade implantadas por administrações anteriores. O governo americano, por sua vez, afirmou que reconhece apenas dois sexos — masculino e feminino — como dados imutáveis desde o nascimento.

O episódio levantou questões profundas sobre identidade de gênero, direitos civis, fronteiras do respeito mútuo e os limites entre inclusão e realidade biológica. O *Alive* desta quinta-feira deixou claro que o debate está longe de acabar — e mais urgente do que nunca.

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