Departamento de Justiça dos EUA enviou carta a ministro com crítica à suspensão da Rumble
O New York Times diz que a nova política de vistos anunciada por Marco Rubio tem como alvo preferencial Alexandre de Moraes. Com a manchete “Governo Trump mira juiz brasileiro por censura”, a reportagem afirma que as “novas políticas do Departamento de Estado para restringir vistos de autoridades estrangeiras que censurem vozes digitais parecem ser específicas para um magistrado da Suprema Corte brasileira”.
A reportagem também revela que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos enviou uma carta ao ministro do STF, repreendendo-o por censurar a plataforma de vídeos Rumble, parceira da Trump Corporation. O documento, mantido em sigilo, reitera que Moraes pode aplicar as leis brasileiras no Brasil, mas não tem autoridade para impor ordens a empresas americanas.
“O Departamento de Justiça disse ao juiz Moraes que ele poderia aplicar leis no Brasil, mas que não poderia ordenar que empresas tomassem medidas específicas nos Estados Unidos”, relata o correspondente Jack Nicas.
O NYT também repisa que o governo dos EUA estuda sanções contra outros membros do Judiciário brasileiro. Embora o Departamento de Estado não tenha confirmado nomes, a política anunciada abre caminho para restringir vistos de autoridades que exijam a remoção de conteúdo de empresas americanas ou ameacem com mandados de prisão cidadãos dos EUA e residentes por manifestações online.
O senador Marco Rubio afirmou ao Congresso que sanções contra Moraes estão sendo analisadas e que há “grande possibilidade” de aplicação.
Censura e bloqueio da Rumble
A Rumble deixou o Brasil em dezembro de 2023 após o STF ordenar o banimento de perfis de parlamentares e jornalistas, sob pena de bloqueio total da plataforma. Moraes exigiu o cumprimento imediato das ordens e impôs sigilo ao processo. A empresa alegou “ordens injustas de censura” e falta de representação legal no Brasil.
Em fevereiro de 2024, o ministro voltou a determinar a suspensão da Rumble, alegando descumprimento das ordens — incluindo a exclusão do perfil do jornalista Allan dos Santos e o bloqueio de repasses financeiros. A empresa recorreu à Justiça americana, que decidiu que não está obrigada a cumprir decisões do STF.
Reação da plataforma e retorno ao Brasil
A Rumble retomou suas atividades no país em janeiro de 2025, durante a visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Vários perfis antes bloqueados voltaram ao ar. “Hello, Brazil, we’re back”, publicou o CEO da empresa, Chris Pavlovski, no X (ex-Twitter).
Em nova provocação, Pavlovski escreveu na quarta-feira (28): “Já não é hora de voltarmos de vez ao Brasil?”, em possível referência à queda de braço com Moraes.