Deputados federais Adriana Ventura (SP) e Marcel van Hattem (RS), ambos do Novo, cobraram explicações do Itamaraty sobre o asilo diplomático concedido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia Alarcón, condenada por lavagem de dinheiro no esquema da Odebrecht. O Requerimento de Informação (RIC) foi protocolado nesta quarta-feira (16) e é endereçado ao chanceler Mauro Vieira.
“A Lava Jato mostrou como funcionava a engrenagem da corrupção na América Latina. Agora, o Brasil abriga uma condenada pela Odebrecht. O Itamaraty precisa explicar essa decisão absurda, que transforma o país em esconderijo de luxo para corruptos ilustres”, criticou Adriana Ventura, líder do Novo na Câmara.
O requerimento questiona quem participou da decisão, quais fundamentos legais foram usados e se houve consulta prévia ao governo peruano. Os deputados também cobram acesso a documentos como a sentença judicial do Peru e os pareceres que sustentaram o pedido.
Na justificativa, os parlamentares destacam a velocidade da concessão: “A urgência foi alegada, mas o asilo foi concedido poucas horas após a condenação e a ordem de prisão, sem provas públicas de perseguição política ou risco à integridade da ex-primeira-dama”.
Segundo eles, a medida pode gerar desgaste diplomático: “É preciso esclarecer os critérios usados. Essa decisão afeta as relações com o Peru e compromete o papel do Brasil no combate à corrupção e à impunidade”.
Para Van Hattem, a concessão do asilo escancara a prioridade do governo: “Lula quer proteger cúmplices dos crimes do passado. A história de Nadine Heredia se confunde com a corrupção da Odebrecht, no Peru, no Brasil e em toda a América Latina”.
O documento entregue à Câmara levanta nove perguntas específicas e pede transparência na postura diplomática brasileira. A repercussão internacional do caso pressiona o governo Lula a se justificar diante do gesto que, para os parlamentares, é mais um aceno à impunidade.
“Vamos até o fim para reverter esse absurdo. Enquanto o governo Lula e o STF perseguem inocentes, dão liberdade a quem roubou o povo em outros países, declarando-os bem-vindos ao Brasil”, concluiu Van Hattem.