A escolha de um novo Papa segue um processo rigoroso e confidencial, que se desenrola sob regras estritas e absoluto segredo. O substituto de Francisco, que faleceu nesta madrugada, será eleito entre os 138 cardeais com menos de 80 anos, conforme as normas definidas pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, revisada por João Paulo II em 1996.
O Conclave, um termo derivado do latim “”cum clavis” (“fechado à chave” ou “com chave”), tem uma tradição que remonta ao Concílio de Lyon II, em 1274, quando o Papa Gregório X estabeleceu o processo de escolha secreta.
Durante o processo, os cardeais têm suas comunicações estritamente controladas. Eles não podem trocar mensagens, fazer ligações ou mesmo consumir notícias externas — seja por rádio, televisão ou jornais — para evitar pressões.
A obrigação de manter segredo se estende a todos os funcionários do Vaticano que interagem com os cardeais, sendo punidos com a expulsão da Santa Igreja em caso de violação.
A eleição começa entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia do Papa, para dar tempo aos cardeais de chegarem a Roma. O evento é precedido pela missa Pro Eligendo Pontifice, onde os cardeais pedem ajuda espiritual para a tarefa de escolher o novo líder da Igreja Católica.
Na tarde do dia da eleição, os cardeais seguem em procissão até a Capela Sistina, onde ocorre o Conclave. Com o cântico Veni Creator Spiritus, invocam o Espírito Santo para guiá-los na decisão.
Em seguida, um a um, eles prestam juramento de manter segredo sobre os detalhes do processo eleitoral, antes de se acomodarem em seus lugares.
Após discurso sobre a importância da escolha, a sala é esvaziada, com a ordem Extra omnes (todos fora) dada aos presentes. As portas da Capela Sistina são trancadas e protegidas pela “Guarda Suíça”, garantindo que os cardeais possam deliberar sem interferências externas.
Antes do conclave, os cardeais discutem o estado da Igreja e delineiam o perfil do novo Papa: um bom “pastor de almas”, teólogo, diplomata e fluente em várias línguas, sendo o italiano a principal delas. Embora os cardeais não possam se declarar candidatos ou firmar acordos prévios, a eleição exige uma maioria de dois terços para ser válida. Se necessário, duas votações são realizadas pela manhã e duas à tarde.
Após cada rodada, os votos, que são feitos em papel, são queimados em um forno na Capela Sistina, e a cor do fumo indica o resultado: branco para a eleição de um novo Papa, preto se o processo continuar.
Se o novo pontífice não for escolhido nos primeiros 3 dias, um dia de reflexão é concedido, seguido por mais 7 votações antes que seja suficiente uma maioria absoluta. Papa Francisco foi eleito na quinta votação, enquanto Bento XVI na quarta.
Antes do resultado ser anunciado ao público, o cardeal escolhido é consultado sobre sua aceitação do cargo. A Constituição Apostólica exige que ele “se submeta humildemente à vontade divina” e escolha um nome.
Jorge Mario Bergoglio, que foi o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta, adotou o nome “Francisco“, em homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres.
Assim que o novo Papa é confirmado, ele veste as vestes brancas tradicionais e se apresenta na sacada da Basílica de São Pedro, onde o cardeal diácono proclama Habemus Papam (Temos Papa).
A escolha do novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana é então celebrada com a bênção “Urbi et Orbi”, direcionada à cidade de Roma e ao mundo.