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Motta sinaliza cassação de Brazão como “equilíbrio” após avanço contra Glauber Braga

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O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou que pode pautar em breve o processo de cassação do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco. O gesto, segundo parlamentares, seria uma tentativa de “equilibrar” a decisão do Conselho de Ética que aprovou nesta quarta-feira (9) o parecer pela cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), crítico do centrão e opositor do orçamento secreto.

Preso há mais de um ano, Chiquinho Brazão teve o parecer pela cassação aprovado ainda em agosto de 2024, mas o caso permanece travado no plenário desde então. Motta tem evitado se comprometer publicamente: “Vamos tratar no momento certo”, afirmou na última segunda (7), sem detalhar datas ou movimentações. A assessoria da presidência da Câmara também não quis comentar.

O processo de Glauber Braga, por sua vez, avançou com rapidez incomum. Parlamentares do PSOL acusaram Motta de manobrar para garantir a votação do parecer no Conselho de Ética ainda nesta quarta. A sessão, iniciada às 11h, foi mantida até as 19h — mesmo com a ordem do dia prevista para começar às 16h —, permitindo a aprovação do relatório por 13 votos a 5.

“Essa pressa toda não é coincidência”, disse um aliado de Braga. Nos bastidores, a avaliação é de que Motta decidiu avançar com a cassação de Glauber para agradar a base governista e, agora, usa o caso Brazão como contraponto. “Parece mais uma jogada de marketing político para disfarçar a perseguição contra o Glauber”, afirmou um deputado do PSOL.

Glauber foi denunciado após agredir o militante do MBL Gabriel Costenaro, em abril do ano passado. O parlamentar alegou que reagiu a provocações contra sua mãe, doente à época. “Me senti obrigado a defender a honra da minha família”, disse.

Após a votação, Glauber iniciou uma greve de fome e publicou em seu perfil no X: “Estou há 30 horas e 30 minutos fazendo somente a ingestão de líquidos”. Ele passou a noite no plenário do Conselho de Ética, dormindo no chão. “Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências”, afirmou o deputado, em crítica direta ao ex-presidente da Casa.

O PSOL tenta reverter a decisão e chegou a acionar ministros palacianos. Lindbergh Farias (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSOL-RJ) buscaram intermediação de Rui Costa (Casa Civil) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), sem sucesso. “O processo contra Glauber é injusto e ataca toda a esquerda brasileira”, disse Talíria.

O partido promete recorrer ao STF. Glauber acusa Arthur Lira de ter articulado sua cassação nos bastidores: “Não vou me render a Lira e companhia”, declarou. Em nota, Lira negou a acusação e rebateu: “De minha parte, refuto veementemente mais essa acusação ilegítima”.

Chiquinho Brazão continua preso no Complexo da Papuda (DF). Mesmo encarcerado, mantém o mandato, equipe em atividade e remuneração mensal — com desconto proporcional às faltas.

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