Lula e o ditador chinês Xi Jinping assinaram, nesta terça-feira (13), 20 acordos bilaterais em Pequim, nas áreas de tecnologia, agropecuária, energia e finanças. Durante o evento, ambos criticaram as políticas protecionistas e as guerras comerciais dos Estados Unidos sob Donald Trump, sem citar diretamente o presidente.
“A relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária. A comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo, firmada em novembro passado, é uma alternativa às rivalidades ideológicas”, declarou Lula. Ele destacou que os dois países unirão suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo. “Guerras comerciais não têm vencedores. Elevam preços, deprimem economias e afetam os mais vulneráveis”, completou.
Xi Jinping reforçou a posição. “Ninguém ganha com guerras tarifárias e comerciais. O protecionismo não é solução. Defenderemos juntos o comércio multilateral”, afirmou.
Embora tenham mencionado a iniciativa chinesa Cinturão e Rota, Lula evitou aderir oficialmente ao projeto, para não gerar atritos com parceiros como os EUA. Os acordos abrangem inteligência artificial, mineração, câmbio, saúde, meio ambiente, energia nuclear, agricultura, emergência climática e construção naval. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, acompanhou a assinatura.
Um comunicado conjunto defendeu o multilateralismo e abordou a crise na Ucrânia, sem mencionar a Rússia, aliada comercial da China. Lula e o ditador chinês pediram uma solução diplomática. “Propomos uma negociação entre Ucrânia e Rússia”, disse Xi. Lula enfatizou a necessidade de diálogo para resolver o conflito.
Sobre a guerra entre Israel e Hamas, Lula foi mais incisivo. “O mundo se apequena diante das atrocidades em Gaza. Não haverá paz sem um estado palestino independente e viável, convivendo com Israel”, afirmou.
Essa é a segunda visita de Lula à China neste mandato. Ele levou uma comitiva de políticos e empresários e, na segunda-feira (12), celebrou a captação de R$ 27 bilhões em investimentos chineses para o Brasil.