A demissão de Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres, confirmada nesta segunda-feira (5), marca a 12ª troca ministerial do presidente Lula desde o início do seu terceiro mandato. A substituição por Márcia Lopes, também filiada ao PT, reforça a tendência do presidente de manter o próprio partido em mudanças estratégicas no primeiro escalão.
Márcia, nome histórico da sigla, foi ministra do Desenvolvimento Social em 2010, no segundo mandato de Lula, e volta agora ao governo ocupando um espaço sensível, especialmente após a forte presença da primeira-dama Janja na pasta.
Outras trocas também seguiram a lógica de fortalecimento interno. Na Saúde, Alexandre Padilha foi alçado ao cargo e entregou sua antiga secretaria à Gleisi Hoffmann. Na Secom, Paulo Pimenta deu lugar a Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de Lula e parte da cota pessoal do presidente.
A única mudança recente não arquitetada pelo Planalto ocorreu no Ministério da Previdência, após a revelação de um escândalo envolvendo o INSS. Carlos Lupi pediu demissão após investigações da Polícia Federal sobre descontos indevidos em aposentadorias. O posto foi ocupado por Wolney Queiroz, ex-deputado federal.
No Ministério das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil) foi substituído por Frederico de Siqueira após denúncias da PGR envolvendo corrupção e desvio de emendas. O novo titular é apadrinhado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), num raro movimento que contemplou o centrão.
Apesar das trocas, a esperada reforma ministerial segue travada. Lula enfrenta dificuldades em avançar com partidos de centro, que resistem em fechar apoio antecipado à sua reeleição em 2026. A cobrança por fidelidade política continua, mas as legendas preferem aguardar o cenário eleitoral antes de entregar seus votos.