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INSS: entidades alvos da PF abocanharam 69% de roubo a aposentados

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Nove das 11 associações investigadas pela Polícia Federal concentraram 69% dos descontos aplicados sobre aposentadorias no primeiro trimestre de 2024. Juntas, essas entidades receberam R$ 1,72 bilhão, dos R$ 2,49 bilhões retirados diretamente da folha dos beneficiários do INSS.

O levantamento foi feito a partir de relatório da PF com base em auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU). Das 11 entidades com maiores valores descontados, nove foram alvo da operação “Sem Desconto”, deflagrada na semana passada. As duas restantes seguem sob investigação.

Entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu 1,9 milhão de pedidos de exclusão de mensalidades associativas. A maioria dos beneficiários alegou não ter autorizado os descontos. Segundo a CGU, o prejuízo operacional ao INSS foi de R$ 5,9 milhões em menos de dois anos.

Entre 2019 e 2024, estima-se que os valores cobrados por entidades conveniadas ao INSS chegaram a R$ 6,3 bilhões. As investigações continuam e, segundo o diretor-geral da PF, Andrei Passos, ainda estão na fase inicial.

Relatório da CGU mostra que os descontos saltaram de R$ 536,6 milhões em 2021 para R$ 1,3 bilhão em 2023 — alta de 142%. A projeção feita em setembro do ano passado indicava que os valores poderiam chegar a R$ 2,6 bilhões em 2024.

Mais de 742 mil beneficiários pediram o cancelamento de descontos no primeiro semestre de 2024. No mesmo período de 2023, haviam sido 130 mil — aumento de 468%.

Segundo a CGU, 95,9% dos entrevistados relataram não pertencer a nenhuma associação. A maioria é de idosos. Muitos afirmaram que não conseguiram cancelar os descontos por desconhecimento ou dificuldades no processo.

Em vários casos, mesmo após o pedido de cancelamento, novos descontos foram inseridos. A CGU alertou que os aposentados precisavam repetir a verificação e o pedido de bloqueio por não saberem que há etapas adicionais para impedir novas cobranças.

A operação gerou uma disputa entre governo e oposição. Parlamentares contrários ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusam o governo de omissão. A base governista responde que 10 das 11 entidades investigadas foram autorizadas a realizar os descontos ainda durante o governo Bolsonaro, entre 2019 e 2022.

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