O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, publicou na noite de quarta-feira (7) um mapa-múndi de ponta-cabeça com o Brasil no centro. Segundo ele, a imagem tem como objetivo “ressaltar a posição atual de liderança” do país.
“O IBGE lançou um novo mapa-múndi com o Brasil no centro, contendo o sul na parte superior do mapa, também identificado por mapa invertido. A novidade busca ressaltar a posição atual de liderança do Brasil em importantes fóruns internacionais como no Brics e Mercosul e na realização da COP30”, escreveu Pochmann no X (ex-Twitter).
Novo mapa-mundi
O IBGE lançou um novo mapa-múndi com o Brasil no centro, contendo o sul na parte superior do mapa, também identificado por mapa invertido.
A novidade busca ressaltar a posição atual de liderança do Brasil em importantes fóruns internacionais como no BRICS e… pic.twitter.com/Yd5LIb1T38
— Marcio Pochmann (@MarcioPochmann) May 8, 2025
O IBGE vem sendo usado como aparelho poítico desde que Pochmann assumiu a presidência. Indicado pelo presidente Lula, ele comanda o instituto desde agosto de 2023. É economista ligado ao PT, já presidiu a Fundação Perseu Abramo, o Instituto Lula e o Ipea.
Em abril de 2024, a instituição já havia lançado uma versão do mapa com o Brasil centralizado, mas sem estar invertido. O material fazia parte da 9ª edição do Atlas Geográfico Escolar e trazia erros considerados graves por especialistas. Havia confusão entre os períodos Jurássico e Cretáceo, com diferença de 70 milhões de anos, além de imprecisões sobre a separação dos continentes. Após críticas, o IBGE publicou uma errata.
A atual gestão também tem sido acusada por servidores de tentar criar um “IBGE paralelo”. A denúncia se refere à Fundação IBGEt, criada em 2024 como entidade pública de direito privado, vinculada ao instituto. Técnicos alegam que a fundação fere a autonomia do corpo técnico e que foi implantada sem consulta interna. Após protestos, a operação da fundação foi suspensa pelo governo em janeiro de 2025.
O sindicato da categoria (AssIBGE) denunciou “autoritarismo” e “desrespeito ao corpo técnico”. Em carta aberta, servidores afirmaram que a atual gestão tem agido de forma ideológica e sem transparência. O documento acusou Pochmann de ignorar a experiência técnica da casa e tentar impor uma agenda político-partidária.
Durante audiência no Senado, em abril, Pochmann negou as acusações e disse que o IBGE “vive um momento democrático”. Segundo ele, a proposta da fundação surgiu no 1º Congresso Nacional dos Servidores, realizado em novembro de 2023. “[O evento] foi precedido de grupos de trabalho, são 9 grupos. Um deles, o grupo número 1, discutiu a questão do financiamento”, afirmou. Ele também argumentou que cortes no orçamento e aumento das despesas justificam a criação da fundação.
Pochmann é defensor de ideias econômicas não convencionais. Já criticou o Pix, questionou as reformas trabalhista e previdenciária e defende redução da jornada de trabalho. Sua gestão tem enfrentado desconfiança dentro e fora do instituto por supostamente priorizar pautas políticas em detrimento de critérios técnicos.