Uma firma de advocacia do Reino Unido chamada Riverway Law está pedindo que o país remova o Hamas de sua lista de organizações terroristas. A petição foi apresentada ao governo na semana passada (9).
O escritório está representando o “diretor de relações internacionais” do Hamas, Mousa Abu Marzouk.
Seu argumento é que a inclusão do Hamas na lista regulada pela Lei do Terrorismo de 2000 viola os direitos humanos dos membros do grupo, especificamente suas liberdades de expressão e de associação.
A peça elaborada pelos advogados tem vocabulário da extrema esquerda: “Por mais de um século, o Estado britânico tem sido responsável pela colonização, pela limpeza étnica e pelo Apartheid na Palestina”. Para eles, o Hamas é apenas um “movimento de resistência organizada que exerce o direito do povo palestino de resistir ao sionismo”.
A manobra acontece poucas semanas após um grupo de parlamentares britânicos ter publicado um relatório liderado pelo historiador Andrew Roberts que detalha as atrocidades cometidas pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel.
O documento de 315 páginas detalha o planejamento do ataque terrorista, exibe fotos de bebês e até bichos de estimação mortos pelos combatentes do Hamas, além de detalhes de vítimas de estupro e cadáveres propositalmente desfigurados.
A incursão envolveu 3.800 terroristas e deixou 1.182 mortos e mais de quatro mil feridos.
Um terrorista capturado no kibutz Alumim pelas Forças de Defesa de Israel confessou em vídeo que “o plano era ir de casa em casa, atirar granadas e matar a todos, incluindo mulheres e crianças”.
Ele acrescentou que “o Hamas mandou esmagar suas cabeças ou decepá-las, e cortar as pernas”. Alegou, também, que foram autorizados a estuprar o corpo de uma menina. As informações, citadas no relatório parlamentar, são do jornal The Times of Israel, com linha editorial de centro.
Mesmo que tais informações fossem desconhecidas ou falsas, o próprio Hamas explicita claramente suas intenções no estatuto de 1988, que é abertamente antissemita e conclama a jihad (guerra santa) contra todos os judeus.
Em geral, não é uma boa ideia criticar advogados por representarem clientes que cometeram crimes. O direito ao devido processo legal se estende até aos piores criminosos. Mas a decisão da empresa Riverway Law é simplesmente indefensável, junto aos argumentos apresentados.
A firma chegou a postar nas redes sociais um vídeo com três advogados levando sua petição ao Ministério do Interior do Reino Unido. “Vamos entregar à [ministra] Yvette Cooper e pedir a ela que tenha coragem e tome a decisão correta”, disse um deles, Fahad Ansari.
Quando Ismail Haniyeh, líder do Hamas, foi morto por Israel no ano passado, Ansari o homenageou nas redes sociais chamando-o de “mártir”. O advogado alegou que Haniyeh “lutou por toda a vida pela libertação de seu povo”, e publicou também que “Israel logo será uma coisa do passado”.
“Direitos humanos foram feitos para proteger indivíduos da opressão e da violência”, escreveu John Aziz, um cidadão britânico de origem palestina, para a revista australiana Quillette, “não para dar cobertura legal para aqueles que as perpetram”.
“Defender o Hamas em nome dos direitos humanos é uma distorção grotesca da ideia de direitos humanos e, se a petição tiver sucesso, poderá erodir a confiança pública na democracia e na justiça no Reino Unido”, concluiu Aziz.
A BBC, que pediu desculpas em março por ter publicado um documentário de propaganda pró-Hamas narrado por um filho de um membro do grupo, segue com a política editorial de não chamar o grupo de terrorista em suas notícias. A alegação da empresa estatal britânica de comunicação é que a palavra é politicamente “carregada”.
Os próprios palestinos são alvos do Hamas. O grupo tomou o poder da Faixa de Gaza em um golpe em 2007, matando seus oponentes políticos. Depois, impôs um regime de força contra a população, impedida de manter atividades econômicas ou de ter acesso a questões básicas, como saneamento e água potável.
Vale lembrar, que o Hamas aparelhou a agência da ONU que atuava na região, desviando bilhões em recursos de assistência humanitária para a construção de mísseis, túneis e bases subterrâneas, algumas no subsolo de hospitais e escolas – o que é considerado crime de guerra. O Hamas tampouco poupa suas crianças e mulheres, usando-as como escudos humanos.
No último dia 25 de março, alguns corajosos palestinos enfrentaram o risco de morte ao marcharem pelas ruas de Gaza gritando “o Hamas é terrorista”. São esses cidadãos escravizados, com seus direitos massacrados, que precisam de advogados bacanas que os defendam.
A turma da Riverway Law, por seu atrevimento e insolência, deveria ser condenada a ajudá-los.