O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta segunda-feira (7) o uso do novo empréstimo consignado lançado pelo governo, apelidado por aliados de “Empréstimo do Lula”. Em cerimônia de anúncio de investimentos do Mercado Livre em Cajamar (SP), ele afirmou: “Procure trocar sua dívida cara por uma dívida barata.”
Segundo Haddad, o consignado pode reduzir pela metade o valor das parcelas de dívidas. “A prestação que você está pagando pode cair pela metade se você usar o crédito consignado justamente com a garantia do teu salário para diminuir a taxa de juro.” Para o ministro, a população precisa aprender a “fazer bom uso” das ferramentas oferecidas pelo governo.
O presidente Lula, que participou do mesmo evento, seguiu a linha e defendeu o microcrédito como solução para os mais pobres: *”Essa gente que fica discutindo o chamado mercado, a grande economia, eles não conhecem o que é o microcrédito funcionando e o dinheiro chegando na mão de milhões de pessoas.”*
O novo consignado, lançado no mês passado sob o nome de **Crédito do Trabalho**, tem como garantia o FGTS e promete juros menores do que os praticados no mercado para trabalhadores da iniciativa privada. Após o anúncio, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chegou a divulgar a proposta como *”empréstimo de Lula”*, mas recuou e apagou a publicação após críticas.
Enquanto promovem o crédito, Lula e Haddad voltam a insistir no discurso da redistribuição de renda, acusando opositores de serem contra as reformas propostas pelo governo. *”Todo país que tem muito dinheiro na mão de poucos é pobre, mas todo país que tem pouco dinheiro na mão de muitos é rico. A gente quer que o dinheiro circule”*, disse o presidente.
Haddad também repetiu a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Segundo o ministro, 10 milhões de contribuintes seriam isentos, e outros 5 milhões — com renda de até R$ 7 mil — pagariam menos com o novo desconto.
Para bancar a medida, o governo promete taxar em até 10% os que ganham mais de R$ 600 mil por ano, por meio de um “imposto mínimo”. *”Cobrando o mínimo de 141 mil pessoas, vamos beneficiar 15 milhões. Essa é a equação que fechamos e levamos ao Congresso Nacional”*, disse Haddad, incentivando a população a pressionar deputados e senadores.
Nos bastidores, parlamentares da oposição e analistas econômicos enxergam o pacote como tentativa de compra de apoio popular com recursos públicos, especialmente entre os endividados. O uso político do crédito e a propaganda oficial — agora suavizada após o recuo de Gleisi — geram críticas de que o governo estaria promovendo o endividamento disfarçado de alívio financeiro.