O governo Lula emitiu uma nota em reação à decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 10% sobre todas as importações brasileiras. O presidente dos Estados Unidos anunciou a medida nesta quarta-feira (2), dentro do chamado “Dia da Libertação da América”.
“O governo brasileiro lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano no dia de hoje, 2 de abril, de impor tarifas adicionais no valor de 10% a todas as exportações brasileiras para aquele país. A nova medida, como as demais tarifas já impostas aos setores de aço, alumínio e automóveis, viola os compromissos dos EUA perante a Organização Mundial do Comércio e impactará todas as exportações brasileiras de bens para os EUA”, declarou o Planalto em nota.
Diante do tarifaço, o Senado aprovou a Lei da Reciprocidade Econômica (PL 2.088/2023), que permite ao Brasil adotar medidas comerciais contra países que prejudiquem sua competitividade. O projeto prevê restrições a importações e até suspensão de direitos de propriedade intelectual. A proposta seguiu para a Câmara dos Deputados e pode ser votada nos próximos dias.
O vice-presidente Geraldo Alckmin argumenta que os EUA têm superávit comercial com o Brasil, inclusive com isenção de tarifas em oito dos dez produtos mais exportados pelos norte-americanos. Mesmo assim, Washington segue aumentando barreiras ao comércio brasileiro.
Ainda em fevereiro, Trump elevou em 25% as tarifas sobre o aço e alumínio, impactando diretamente o Brasil. Em 2024, o país exportou 4,1 milhões de toneladas de aço para os EUA, segundo o Departamento de Comércio americano.
Trump defendeu a nova medida alegando desigualdade nas relações comerciais. Isso é, diferente do que a mídia tem propagado, a política tarifária não é de viés protecionista, mas de pressão pela redução das alíquotas praticadas por outros países, buscando acesso maior aos produtos americanos.
“Os números são tão desproporcionais, são tão injustos. Ao mesmo tempo, estabeleceremos uma tarifa mínima de 10%. […] Isso será para ajudar a reconstruir nossa economia e prevenir fraudes”, disse o presidente norte-americano.
O governo Lula promete buscar negociação com Washington, mas já admite recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e endurecer a postura caso a Casa Branca não recue.