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Esquema no INSS envolve bilhões desviados e carros de luxo para servidores

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A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em parceria com a CGU, escancarou um dos maiores esquemas de corrupção já identificados no INSS, revelando laços diretos entre integrantes da autarquia e associações acusadas de desviar até R$ 6,3 bilhões em benefícios de aposentados e pensionistas.

Segundo a PF, servidores da alta cúpula do instituto receberam mais de R$ 17 milhões por meio de intermediários ligados a essas entidades. Um dos beneficiados seria o procurador Virgílio Oliveira Filho, afastado do cargo na última semana, cuja esposa teria recebido um carro de luxo avaliado em R$ 500 mil, presente de um dos operadores do esquema, segundo a polícia.

O foco da investigação é Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como o principal operador financeiro do esquema. De acordo com o relatório da PF, Antunes movimentou R$ 53,5 milhões em recursos provenientes de entidades sindicais e associações, com R$ 48,1 milhões vindo diretamente dessas entidades. Apesar de declarar um salário de R$ 24 mil mensais como “gerente”, suas movimentações bancárias superam amplamente essa renda. A PF identificou ainda transferências feitas no mesmo dia do recebimento, indicando tentativa de dificultar o rastreio.

Os ex-diretores do INSS André Paulo Félix Fidelis e Alexandre Guimarães também foram citados. Empresas ligadas a Fidelis teriam recebido R$ 5,1 milhões das intermediárias investigadas. Já Guimarães teria sido beneficiado com R$ 313 mil. Ele negou irregularidades, alegando que o valor se refere a serviços prestados como consultor, devidamente documentados com notas fiscais.

A operação atingiu ainda o então presidente do INSS, Alexandre Stefanutto, exonerado por Lula após ser citado no relatório da PF. Segundo os investigadores, Stefanutto atuou diretamente para liberar, de forma irregular, mais de 34 mil descontos em benefícios a favor da Contag, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. A liberação foi feita mesmo após parecer contrário da Procuradoria do INSS. A Contag se defendeu afirmando que “sempre atuou com ética e responsabilidade”.

Reuniões internas e documentos revelam que Stefanutto teria costurado uma solução favorável à Contag ainda em junho de 2023, em reunião com seus representantes. Mesmo sem respaldo técnico, a liberação foi formalizada semanas depois, em julho.

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