20.5 C
Brasília

Disputa por liderança no União Brasil expõe racha e enfraquece influência de Alcolumbre

Publicado em:

A nomeação de Pedro Lucas Fernandes (União-MA) como novo ministro das Comunicações abriu uma nova crise interna no União Brasil. A saída do deputado do comando da liderança na Câmara colocou em curso uma disputa direta entre alas do partido — e escancarou o desgaste da influência de Davi Alcolumbre (União-AP) na legenda.

A presidência do Senado tenta emplacar Juscelino Filho (MA) — recém-saído da própria pasta de Comunicações, após ser denunciado pela PGR por suposto desvio de emendas parlamentares — como novo líder da bancada na Câmara. “Alcolumbre quer compensar o aliado com o comando do partido na Casa, mas perdeu musculatura”, avalia um integrante da legenda.

A manobra encontra forte resistência de deputados federais, que querem eleger o novo líder por voto, e não por indicação direta da cúpula. “A bancada quer votar no novo líder”, afirmou o deputado Danilo Forte (União-CE), defendendo um processo mais democrático e menos controlado por figuras do alto escalão.

O histórico de disputas internas no União Brasil pesa. No fim de 2023, a legenda já havia enfrentado impasse na escolha do próprio Pedro Lucas. Candidatos como Mendonça Filho (PE) e Damião Feliciano (PB) só desistiram após o presidente nacional do partido, Antonio Rueda, garantir maioria para o aliado do Maranhão.

Agora, o clima voltou a azedar. Deputados próximos a Rueda dizem que Alcolumbre “já não tem os mesmos trunfos” e que Juscelino “não é consenso nem mesmo entre os mais pragmáticos”. O nome do deputado Moses Rodrigues (CE) surgiu como possível alternativa, mas outros devem entrar na disputa.

A pressão por mais independência entre os parlamentares reflete não só o enfraquecimento do cacique amapaense, mas também a tentativa de setores do União Brasil de se afastarem da aliança informal com o governo Lula, vista com crescente desconfiança pela base conservadora. A nomeação de Pedro Lucas é a décima mudança ministerial do governo em pouco mais de um ano, o que tem acentuado a percepção de desorganização e loteamento político da Esplanada.

“É tudo na base da conveniência. Cai um ministro por escândalo, e o sistema se mexe para acomodar o mesmo grupo político. A velha política nunca saiu de Brasília, só mudou de CNPJ”, criticou um deputado da legenda em reserva.

Mais recentes

Checagem de fatos