O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, assinou nesta terça-feira (8) um decreto de emergência econômica que amplia seus poderes e dispensa o aval do Legislativo. A medida, que vale por 60 dias e ainda depende da aprovação da Assembleia Nacional, foi justificada como resposta às tarifas de 15% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos venezuelanos.
“Estamos diante de uma guerra comercial mundial liderada pelos Estados Unidos”, declarou Maduro em pronunciamento pela TV estatal, apelando à velha retórica antiamericana para justificar o colapso econômico interno.
O decreto dá carta branca ao chavista para impor regulações temporárias, cobrar novos impostos e determinar cotas obrigatórias de consumo de produtos nacionais — tudo sem debate público ou controle institucional. O objetivo declarado é “proteger a indústria venezuelana” e “combater a evasão fiscal”, mas críticos veem na medida mais um passo rumo à centralização total do poder.
O texto também permite a adoção de “ações de caráter social e político” durante a vigência do estado de emergência, o que, na prática, pode abrir brechas para repressão e perseguição a opositores sob o pretexto de garantir estabilidade.
A medida ocorre em meio ao endurecimento das sanções americanas, agravado pela ameaça do governo Trump de aplicar tarifas de 25% a países que importarem petróleo venezuelano. As licenças de empresas estrangeiras que atuavam no setor energético do país já foram suspensas, aprofundando o isolamento da Venezuela.
Maduro, mais uma vez, se apresenta como vítima do “imperialismo”, enquanto transforma a crise fiscal em justificativa para concentrar ainda mais poder. “Vamos defender a soberania econômica da pátria”, disse, repetindo um discurso que já não esconde o fracasso do modelo bolivariano e o colapso institucional promovido pelo chavismo.