A edição desta sexta-feira (25) do Alive foi marcada por fortes críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e pela interpretação de que a prisão do ex-presidente Fernando Collor teria motivações políticas – especialmente como reação ao enfraquecimento da popularidade de Lula e à pressão crescente sobre o governo por escândalos como o do rombo bilionário no INSS.
O deputado federal Capitão Alden (PL) foi direto: para ele, a prisão integra uma estratégia para desviar o foco das crises do governo Lula. “Toda vez que sai uma pesquisa mostrando que Lula está derretendo, vem algum movimento do STF como uma tentativa de apagar o incêndio. Sempre surge alguma situação de cortina de fumaça associada a Bolsonaro ou a aliados”, declarou o parlamentar.
Collor foi preso na madrugada desta sexta-feira em Maceió (AL), por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes. A detenção ocorreu após a rejeição do último recurso apresentado pela defesa do ex-presidente contra a condenação a 8 anos e 10 meses de prisão, em um desdobramento da Lava Jato. Moraes afirmou que o recurso tinha “caráter meramente protelatório”, e por isso, determinou o cumprimento imediato da prisão.
Já o analista de segurança Marcos Degaut reconheceu o histórico jurídico de Collor, mas expressou desconfiança sobre o timing e a legalidade do rito processual. “Você tem uma cortina de fumaça para tentar disfarçar a humilhação de Bolsonaro ser intimado em um hospital. E parece existir uma perseguição àqueles que estavam alinhados com o ex-presidente”, pontuou.
Para Carol Sponza, cientista política, a prisão de Collor soa como “uma jogada de distração”. Ela associou a ação judicial ao desejo do governo de desviar o foco do escândalo no INSS. “De repente puxam a prisão de um opositor político exatamente no âmbito da Lava Jato, que está sendo anulada aqui no Brasil. É claro que sou favorável à Lava Jato, quero mais é que prendam todos os envolvidos, mas é esquisitíssimo, e cheira a prisão política”, concluiu.
Collor foi condenado em 2023 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusado de receber R$ 20 milhões em propinas entre 2010 e 2014, enquanto era senador. As acusações, feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), foram baseadas em delações premiadas de figuras centrais da Lava Jato, como Ricardo Pessoa (UTC Engenharia), Alberto Youssef (doleiro) e Rafael Ângulo, que descreveu inclusive entregas em espécie ao ex-presidente.
De acordo com o STF, Collor usou sua influência política para viabilizar contratos e indicar diretores à BR Distribuidora, em troca de vantagens ilícitas. Documentos, mensagens e planilhas apreendidos pela Polícia Federal confirmaram os vínculos e o repasse parcelado dos valores. Além de Collor, também foram condenados os empresários Pedro Paulo Leoni Ramos e Luis Amorim, apontados como seus operadores financeiros.
A pena de Collor imposta inclui:
– Prisão por 8 anos e 10 meses;
– Pagamento de 90 dias-multa, proporcional à renda de Collor;
– Indenização à União no valor de R$ 20 milhões;
– Inelegibilidade e proibição de ocupar cargos públicos por quase 18 anos.