Deu pena ver o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, reclamar da “agressividade” da atuação de alguns escritórios de advocacia de parentes e familiares de ministros do STF e do STJ, em Brasília. Segundo ele, um problema “grave”.
Em entrevista, ele lembrou que advoga “há mais de 40 anos no Supremo” e que “isso não é de hoje”. Mas, parece que a coisa piorou, saiu do controle. Na verdade, não deu pena coisa nenhuma. É bem feito!
Sabemos todos que a coisa saiu do controle recentemente, a partir de 2023, quando o Supremo praticamente aboliu qualquer impedimento para a atuação de ministros em casos defendidos por escritórios de parentes e familiares.
Se o problema é antigo, certamente começou a piorar quando a Corte instaurou de ofício inquérito inconstitucional para blindar seus integrantes, parentes e familiares, de apurações da Receita Federal.
Quando censurou reportagem que denunciava relação entre ministro e empreiteira; quando ministros resolveram tolher atos de um presidente da República e de um Congresso não alinhado; quando silenciou e prendeu parlamentares e influenciadores críticos.
Quando esses mesmos ministros resolveram interferir numa eleição e depois prender e condenar a penas absurdas milhares de pessoas inocentes, cujo único crime foi se revoltar contra a interferência eleitoral.
Kakay hoje denuncia toda uma orgia institucional, sem querer admitir que desfrutou dela. Ou alguém aí conhece algum outro advogado capaz de desfilar de bermuda pelos corredores do Supremo?
Após construir sua carreira na advocacia relacionando-se com gente poderosa, apoiando seus abusos, o advogado parece se dar conta de que alimentou o monstro que agora o devora. Não só ele, mas a mídia, a OAB e boa parte da Faria Lima.
Gente que bateu palmas para todo tipo de arbítrio, até se ver ameaçada por ele. A consequência é que políticos e empresários enrascados já não precisam de intermediários. O garantismo seletivo destruiu a boa prática jurídica, a defesa técnica.
Dá pena mesmo dos inocentes, de quem realmente precisa de justiça.
