Em meio ao maior escândalo de corrupção do governo Lula até agora, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, está no centro de uma crise que pressiona o Palácio do Planalto e escancara os limites da aliança com o PDT. As denúncias de omissão diante de irregularidades no INSS reacenderam o debate sobre a governabilidade baseada no fisiologismo e colocaram em xeque a promessa de reconstrução ética feita pelo presidente.
Durante o programa Alive desta quarta-feira (30), a cientista política Carol Sponza fez duras críticas à atuação do ministro. Segundo ela, há registros formais de que Lupi foi alertado sobre as fraudes ainda em 2023 e optou por não agir de imediato.
“O mínimo ele prevaricou. Ele sabia de tudo desde o início e escolheu não resolver. Ele não é o Lula dizendo que o sítio era de um amigo e não sabia de nada. Está na ata do conselho, ele negou incluir o tema na pauta, e só foi suspender os benefícios muitos meses depois”, afirmou.
Para Sponza, manter Lupi no cargo expõe o governo a uma crise ética profunda e mostra que Lula está disposto a sacrificar coerência em nome de apoio político: “O PDT virou mais um partido fisiológico, com alianças à direita e cargos em troca de votos. É o preço da reeleição.”
O analista político Márcio Coimbra seguiu a mesma linha crítica e defendeu a instalação imediata da CPI para investigar o caso. Segundo ele, o Congresso precisa exercer seu papel fiscalizador diante de um novo capítulo de corrupção envolvendo o Estado brasileiro.
“Carlos Lupi já deveria ter sido demitido. É uma vergonha para o país manter no cargo um ministro que foi inepto, alertado diversas vezes, e não fez nada. Se ele permanece, contamina o governo inteiro”, afirmou Coimbra.
Ele também apontou para o esvaziamento ideológico do PDT sob a liderança de Lupi: “O partido do Brizola não existe mais. Hoje, o PDT é um ajuntamento de interesses coordenado por Lupi, que mantém seu poder em troca de cargos.”
Diante da pressão crescente e da articulação da oposição para instalar a CPI, o governo Lula enfrenta um dilema: manter Lupi e arriscar o desgaste político, ou sacrificá-lo para tentar conter o avanço das investigações. Enquanto isso, cresce a cobrança por uma resposta firme a mais um escândalo que ameaça manchar a imagem de reconstrução prometida em campanha.