O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (14), em entrevista ao UOL, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes teria praticado “tortura” para arrancar a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Bolsonaro disse que seu ex-ajudante de ordens foi submetido a “um pau de arara do século 21”.
“Chegou o ponto do Alexandre de Moraes interrogar o Mauro Cid. E ele falar ‘olha teu pai, tua esposa, olha tua filha’. Você pode fazer delação nessas circunstâncias? A própria Lava Jato disse que isso é pau de arara do século 21. Isso foi feito com o Cid”, afirmou na entrevista.
A delação de Cid implicou o ex-presidente em investigações que envolvem uma suposta tentativa de golpe de Estado e a venda ilegal de joias recebidas do governo da Arábia Saudita. Bolsonaro, no entanto, afirmou que Cid “não mentiu”, mas teria sido coagido emocionalmente para proteger a própria família.
“Delação subentende espontaneidade, verdade e prova. Ele foi torturado. Não vou dizer que ele mentiu. Ele foi torturado, pensando na filha e na esposa, que teriam comprovação de falsificação do cartão de vacina”, disse.
Apesar das acusações do ex-presidente, o próprio Mauro Cid já negou que sua delação tenha ocorrido sob pressão. Em março de 2023, ele foi chamado a prestar esclarecimentos ao gabinete de Alexandre de Moraes após áudios divulgados pela revista Veja, nos quais sugeria ter sido coagido.
Na ocasião, Cid afirmou que não havia irregularidades em seu acordo de colaboração e que estava “sensível” diante da situação pessoal, ressaltando que havia perdido “tudo o que tinha”.