A imprensa denuncia a infiltração do PCC na política, políticos com engajamento em redes sociais gravam vídeos indignados e o assunto some do noticiário dias depois. É um ciclo. Desta vez foi a vez do Estadão, ao descobrir que dirigentes de uma ONG ligada ao PCC foram recebidos nos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos de Lula, e ainda participaram de uma audiência pública no Conselho Nacional de Justiça, presidido por Luís Roberto Barroso, que comanda o STF.
O evento mais recente de Luciene Neves Ferreira, da organização Pacto Social & Carcerário, foi a palestra “DICAP em Rede: Participação Social e Enfrentamento ao Estado de Coisas Inconstitucional nas Prisões Brasileiras”, com apresentação do plano Pena Justa, produzido pela gestão de Ricardo Lewandowski. Luciene não só participou como teve sua passagem de ida e volta (1.827 reais) bancada pelo MJSP, ou seja, pelo pagador de impostos.
Em novembro de 2023, ainda na gestão de Flávio Dino, a ongueira participou de uma reunião online com Rafael Velasco Brandani, então secretário nacional de Políticas Penais (Senappen), que ficou famoso naquele ano ao receber a “dama do tráfico amazonense”. O objetivo da reunião online foi trata das condições da alimentação dos detentos do Presídio da Papuda, no DF, para onde havia sido transferido seis meses antes o criminoso Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, o mais notório líder do PCC.
A transferência de Rondônia para Brasília, uma das primeiras ações de Dino, era uma prioridade para Marcola, como demonstrei em reportagem publicada na véspera do primeiro turno de 2022 e retirada do ar por Alexandre de Moraes a pedido da campanha de Lula. Luciene, a ongueira do PCC, aparece em fotos na internet com Silvio Almeida, o ex-ministro de Direitos Humanos e ainda debateu o ‘Pena Justa’ numa audiência convocada pelo MJSP e o CNJ, em abril de 2024.
Ah, sim. Luciene está presa desde o último dia 14 de janeiro, graças à Polícia Civil de Tarcísio de Freitas e Derrite, que têm sido atacado de forma reiterada por ativistas e jornalistas militantes. O MP paulista diz que a ONG integra o “Setor de Reivindicações” do PCC, criado para manipular o debate público a favor dos interesses da facção. Não é a única e nem a mais popular das ONGs a atuar em benefício das facções. Em 2019, quando Sergio Moro, ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, editou portaria restringindo as visitas íntimas em presídios federais de segurança máxima.
Em resposta, o PT e a ONG Anjos da Liberdade ingressaram com ação no STF contra a portaria. Descobriu-se, então, que o advogado Geraldo Prado que assinava pelo partido era suspeito de ter recebido R$ 1,5 milhão do PCC, segundo mensagens de prestação de contas apreendidas no celular de Décio Gouveia Luiz, o Décio Português. E a dona da ONG, a advogada Flávia Fróes, circulava com desenvoltura na cúpula do Judiciário, ostentando em suas redes sociais fotos com criminalistas famosos, como Kakay, e ministros do STF, como Dias Toffoli.
Fróes, que se gabava de costurar um acordo entre PCC e Comando Vermelho, chegou a organizar evento na Câmara ao lado da deputada petista Erika Kokay. A “Anjos” chegou a protocolar pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro, atuando verdadeiramente como um agente político. Se você ainda não notou que o Brasil já virou um narcoestado, você é muito inocente.
Evento no CNJ com a participação da ONG do PCC