Lula, para surpresa de zero pessoas, repudiou o ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã. Em nota, o governo petista expressou “grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio” e condenou os “ataques militares de Israel e, mais recentemente, dos Estados Unidos, contra instalações nucleares, em violação da soberania do Irã e do direito internacional”.
Segundo o governo, ataques armados a instalações nucleares representam uma ‘transgressão da Carta das Nações Unidas’. No comunicado, não há ponderações sobre as negociações anteriores, cujas condições foram abandonadas por Teerã, e tampouco menção ao enriquecimento ilegal de urânio, acima de 20%, pelo regime de Ali Khamenei.
Ao contrário do que pretende, o comunicado endossa uma violação clara ao direito internacional e ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, misturando situações distintas e fazendo uma verdadeira salada geopolítica. É uma das mensagens mais constrangedoras já emitidas oficialmente pela diplomacia brasileira em sua história.
Veja:
“Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica. Ações armadas contra instalações nucleares representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala.
O governo brasileiro reitera sua posição histórica em favor do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos e rejeita com firmeza qualquer forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões marcadas por instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio.
O Brasil também repudia ataques recíprocos contra áreas densamente povoadas, os quais têm provocado crescente número de vítimas e danos a infraestrutura civis, incluindo instalações hospitalares, as quais são especialmente protegidas pelo direito internacional humanitário.
Ao reiterar sua exortação ao exercício de máxima contenção por todas as partes envolvidas no conflito, o Brasil ressalta a urgente necessidade de solução diplomática que interrompa esse ciclo de violência e abra uma oportunidade para negociações de paz.
As consequências negativas da atual escalada militar podem gerar danos irreversíveis para a paz e a estabilidade na região e no mundo e para o regime de não proliferação e desarmamento nuclear.”